A Olimpíada de Língua Portuguesa acontece a cada dois anos e está na sexta edição. Para um estudante participar, é preciso que as secretarias de educação - estaduais ou municipais - façam uma adesão online para que as inscrições dos professores das respectivas redes de ensino sejam validadas. As redes de Pernambuco e do Recife participam da iniciativa. Depois, os professores, com a autorização dos diretores escolares, fazem uma inscrição online por uma ou mais unidades de ensino onde lecionam. A terceira etapa é a realização de oficinas nas escolas. Os professores inscritos ensinam sobre produção textual, seguindo o tema do concurso, que é, desde a primeira edição, “O lugar onde vivo”. A quarta e última fase consiste nas etapas de seleção, onde comissões julgadoras - escolares, municipais, estaduais, regionais e nacional - escolhem os textos.
Na etapa regional, 569 estudantes semifinalistas e seus professores viajam juntos a uma capital brasileira, onde participam de atividades culturais e de formação. Já os 32 alunos vencedores ganham medalha e viagem para uma cidade do país, acompanhados de monitor. Os 20 melhores professores ganham medalha e uma semana de imersão pedagógica internacional. As 20 respectivas escolas recebem placa de homenagem e acervo para a biblioteca escolar.
As categorias de inscrição são Poema (para alunos do quinto ano do fundamental) Memórias Literárias (sexto e sétimo anos), Crônica (oitavo e nono anos), Documentário (primeiro e segundo anos do ensino médio) e Artigo de Opinião (terceiro ano do ensino médio). “Incluímos a categoria documentário nesta edição para nos alinharmos à BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que estimula o uso de tecnologias e multimeios”, explica a superintendente do Itaú Social, Angela Dannemann.
A coordenadora de Valorização, Saúde, Bem-Estar dos Profissionais de Educação do MEC, Mara Ewbank, ressaltou que o tema da Olimpíada estimula a reflexão local e valoriza a interação com as comunidades. “Outro fruto é que os projetos exitosos de professores inscritos podem ser replicados em todo o país. Uma rede é criada, e o trabalho do professor é valorizado”, afirma. Quando se inscrevem, os professores enviam também seus projetos didáticos.
Para Francisco Quirino, a Olimpíada é uma oportunidade rara para desenvolver habilidades de leitura e escrita. “Meus pais não têm o ensino fundamental completo, mas sempre me incentivaram a estudar. Na escola, pude ter as chances que eles não tiveram, e a Olimpíada foi uma delas”, conta o finalista da edição de 2014 na categoria Crônica. Prestes a começar a estudar em uma das principais universidades públicas do país, em Brasília, ele pretende voltar a Afogados da Ingazeira quando estiver formado. “Escolhi o curso de gestão de políticas públicas porque quero voltar à minha cidade e tentar mudar as vidas das pessoas”, diz.
“Minha trajetória profissional foi feita no magistério. Muitas vezes, a escola é o único espaço onde crianças e adolescentes têm contato com o mundo da escrita, com os textos, por isso a importância da Olimpíada, que estimula, como disse Paulo Freire, uma leitura de mundo antes da leitura das palavras”, destaca a homenageada.