Há seis anos, as aposentadas Elma Bezerra, 78, e Socorro Azevedo, 74, não assistem à missa na Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, no Sítio Histórico de Olinda. O templo foi interditado em 2012, depois que a torre sineira apresentou rachaduras e alguns ornatos externos desabaram. A recuperação foi incluída no PAC das Cidades Monumentos. Após alguns entraves, as obras reiniciadas em abril de 2017 foram entregues ontem à comunidade, em clima de festa. A programação das missas no templo ainda não foi divulgada.
“É uma alegria e uma resposta de muito fervor das orações ao Nosso Senhor do Bonfim, que proteja a igreja e acolha os seus fiéis”, ressaltou Elma. Ao lado dela, Socorro também comemorava. “É uma satisfação muito grande. Foi muita luta, mas a comunidade sozinha não conseguiria fazer a restauração da igreja”, apontou.
Os recursos para a recuperação do templo foram da ordem de R$ 2 milhões e a obra foi acompanhada pela Secretaria de Patrimônio de Olinda e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O projeto de restauro foi coordenado pela Arquidiocese de Olinda e Recife e assinado pelo arquiteto Jorge Passos. “É uma grande satisfação reabrir a Igreja do Bonfim para a comunidade. Queremos iniciar as celebrações o quanto antes”, afirmou o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.
A obra incluiu a recuperação da coberta e do forro, do assoalho do coro e dos dois modelos de mosaico, um na nave e outro no piso que dá acesso à sacristia. Também foi feita a requalificação do ossuário. “Havia uma cobertura na parte externa, onde está localizada parte do ossuário, que era rente à parede do imóvel vizinho. Quando chovia, caía água no muro dela”, explicou Ana Cláudia, secretária-executiva de Patrimônio de Olinda.
Na área interna, as gavetas dos ossuários foram limpas. A igreja mantém a guarda de 340 conjuntos de restos mortais. “Nenhum foi removido. Havia, inclusive, uma recomendação do Ministério Público”, ressaltou a arquiteta do Iphan, Vânia Cavalvanti, que acompanhou a obra. Também na área interna do templo foram pintadas as paredes. Durante a prospecção arqueológica, foi encontrada uma pintura anterior com desenhos de flores. A descoberta foi deixada à mostra. “Nós preferimos deixar uma amostra de como era a parede e futuramente essa pintura pode vir a ser recuperada”, explicou Vânia. No forro da nave também se encontra uma pintura com o desenho de crucifixo, mas que não chegou a ser restaurada. “A recuperação deverá ocorrer em breve”, assegurou a arquiteta do Iphan. Os altares laterais do transpecto e o altar-mor da Capela-mor foram pintados de branco e os detalhes receberam tinta com película de ouro, mantendo a característica original. Na área externa foi recuperada a torre sineira, com pintura da fachada em branco e detalhes amarelos. Também forma refeitas as instalações elétrica e hidráulica.
ADRO
Ontem também foi entregue ontem pelo Iphan a obra de restauro do Adro de São Francisco, localizada no Sítio Histórico. A obra orçada em R$ 3 milhões foi iniciada em 2016 e mudou o panorama do projeto anterior. Para preservar prospecções arqueológicas como a descoberta de uma antiga escadaria em pedra, o projeto anterior deixava à mostra um trecho da escadaria. No projeto atual, toda a área foi coberta e no lugar de escadas foi construída uma rampa na frente da igreja que dá acesso ao adro e ao cruzeiro.
“Nós tivemos que resgatar a integração do espaço do templo com o adro e o cruzeiro, que não estavam mais sendo visitados pela comunidade. A rampa possibilita uma maior integração”, explicou a arquiteta Vânia Cavalcanti. Também foi refeita a pintura da fachada da igreja e obras de acessibilidade ao templo.
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