Vida Urbana

Sistema de carregamento do VEM sai do ar e prejudica clientes

Sindicato das empresas de ônibus alega %u201Cintermitência%u201D, mas drama foi ainda maior para quem depende de linhas sem cobradores.

Usuários do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP) que dependem do sistema de bilhetagem eletrônica VEM enfrentaram muita dificuldade durante boa parte desta quarta-feira. Usuária de uma linha de ônibus sem cobradores e impedida de pagar a passagem com dinheiro e sem poder fazer carregamento, Rosimary Sotero converteu a dificuldade em indignação. "Isso é um absurdo!", disse, no final da tarde, quando esperava o restabelecimento do sistema no Posto de Atendimento VEM, na Rua da Soledade, bairro Boa Vista, Região Centro do Recife. Às 21h15, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) admitiu apenas a ocorrência de “intermitência em alguns serviços ao longo do dia”.

Rosimary Sotero e o filho são usuários da linha Alto Treze de Maio, uma das 32 incluídas no processo de supressão de cobradoras e cobradores, com ônibus que passaram a operar apenas com motoristas e sistema de bilhetagem eletrônica. Ontem à tarde ela foi ao posto da Rua da Soledade fazer o carregamento do seu cartão e do seu filho. Como inúmeras outras pessoas que lá estiveram desde a manhã, deparou com as máquinas com cartazes improvisados indicando “manutenção” e a área isolada. Nos guichês de serviços atrelados ao funcionamento do sistema de bilhetagem nada funcionava, a exemplo da emissão de segunda via de cartão. 

Para o Urbana-PE, contudo, o quadro não teria sido esse vivido por Rosimary e outros usuários. O sindicato das empresas operadoras de ônibus informou que “na madrugada desta quarta-feira foi realizado um procedimento de atualização do sistema da bilhetagem eletrônica que ocasionou intermitência em alguns serviços ao longo do dia, como em parte das máquinas de autoatendimento e da rede descentralizada de vendas”. 

Mesmo com a informação dos problemas ocorridos na Soledade, o Urbana-PE insiste que “a venda de créditos no Posto de Atendimento VEM e na Internet funcionou normalmente durante todo o dia”. Embora admitindo que não ter garantido a emissão de segunda via de cartões VEM, o Urbana-PE alega que “todas as operações da rede de vendas foram normalizadas” e os serviços funcionarão normalmente nesta quinta-feira.

“Como é que implantam um sistema que falha e ainda tiram os cobradores e nos deixam numa situação dessas? Mesmo com dinheiro eu não posso andar de ônibus", disse Rosimary Sotero balançando a mão com o cartão dela e do filho. A dona de casa disse que sempre faz carregamento no posto da Soledade porque é o único que não desconta nada do valor pago.

Segundo dados do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (GRCTM), o sistema VEM conta com 800 mil cartões eletrônicos em circulação, dentre Vem Comum, Vem Estudante, Vem Livre Acesso, Vem Passe Livre e Vem Trabalhador. Mas de 420 mil, cerca de 52,5% são utilizados por trabalhadoras e trabalhadores (Vem Trabalhador) e 259 mil (32,37%) são de estudantes (VEM Estudante e Passe Livre). Não foi informado o contingente médio diário de atendimento do posto da Soledade. Mas o fato de os carregamentos apenas nesse posto não sofrerem cobrança de taxas (R$ 1,60 por carregamento) explica a permanente ocorrência de filas no acesso aos terminais, à exceção dessa quarta-feira.

Segundo funcionários explicavam desde a manhã, o expediente começou com o sistema fora do ar. Apesar dos cartazes indicarem “manutenção”, como se o problema fosse dos terminais, quem perguntava recebia a informação de que o sistema não funcionava e, por isso, não adiantava buscar outras alternativas. “Se o sistema está parado, está parado em todo canto”, diziam. Alguns acrescentavam que a razão poderia ser a “mudança do servidor (máquina centralizadora) do sistema”, mas que isso não estava confirmado. Também era dito a usuários do posto da Soledade que não havia como prever o restabelecimento. Muitos se conformavam depois de algum tempo e decidiam voltar depois. Como tantos outros, Rosimary decidiu esperar e lá permanecia quando a reportagem do Diario de Pernambuco confirmou a persistência do problema. 

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