Por falta de placas, o Pátio da Santa Cruz jamais será esquecido. Há seis nas fachadas desse território da Boa Vista, onde em suas imediações surgiu o Santa Cruz Futebol Clube, em 1914, e o principal dos monumentos, a Igreja da Santa Cruz, espera a benevolência dos fiéis para ter o telhado e as instalações elétricas e hidráulicas recuperados. O apelo para contribuições consta em um banner amarrado ao gradil do templo, de 1716 e em torno do qual o pátio ou o largo, como relatam algumas das placas, se desenvolveu.
Fusce pretium tempor justo, vitae consequat dolor maximus eget.
Igreja de Santa Cruz espera benevolência de fiéis para restauro de estrutura tricentenária
Região da Boa Vista que abriga templo católico desde o século 18 é também o local onde nasceu um dos clubes de futebol mais populares do Brasil
Os argumentos da campanha para sensibilizar os “amigos da Santa Cruz” a contribuírem para o restauro da igreja são devocionais e históricos. Afirmam que no templo se celebram as Exaltações à Santa Cruz e os pais da Virgem Maria, Santa Ana e São Joaquim, e detalham os traços arquitetônicos do monumento. Parte da nave e do coro, explica o material da campanha, é do estilo rococó tardio, com registros entre 1710 e 1780, enquanto o frontão da igreja data “provavelmente do século 19”.
O custo do restauro do telhado e das instalações hidráulicas e elétricas da Igreja da Santa Cruz está orçado em R$ 234 mil, sendo 65% desse valor destinado à mão de obra. A parte menor, R$ 81,9 mil, será para a compra de material de construção. As doações, segundo os organizadores da campanha, podem ser feitas no templo.
A igreja não é o único imóvel a precisar de restauro no pátio. Em parte dos prédios do logradouro, ao contrário o templo, os problemas são aparentes. Estão no reboco, na pintura, em portas e janelas. “O pátio sempre foi isso, com prédios precisando de melhorias, desde que frequento este lugar”, disse José Campelo de Albuquerque, 71 anos. Aposentado, ele tem uma relação de décadas com o largo. São 31 anos somente como comerciante do pátio, onde possui um fiteiro. Nesse tempo, ele viu imóveis se degradar, mas também restauros importantes, a exemplo do imóvel 438.
O térreo do prédio 438, esquina com a Rua Gervásio Pires, abriga um dos bares responsáveis pela retomada do movimento boêmio, o Lisbela e Prisioneiros. A retomada se deu após ser desativado o posto de combustível existente no meio do largo. No lugar do posto, construiu-se uma praça, que tem parte do entorno frequentemente ocupada, à noite, pelo movimento dos bares. “As coisas melhoraram bastante. Quando comecei trabalhar aqui, esse tipo de movimento era mais fraco”, afirmou a cambista Marina Máxima, 43. Ela negocia no pátio há mais de 15 anos.
Conta-se nos dedos os imóveis do Pátio da Santa Cruz, que dá acesso às ruas Velha, da Santa Cruz, do Rosário da Boa Vista, Gervásio Pires e Barão de São Borja. São 11. De maior porte, a igreja, a Policlínica Gouveia de Barros e a sede da Associação de Ex-combatentes do Estádio de Pernambuco. O prédio da policlínica destoa do restante do casario, pelo estilo moderno, enquanto a sede da associação se destaca pelas características arquitetônicas. A sede foi erguida em meados do século passado seguindo as regras do estilo neomanuelino, movimento português desenvolvido entre meados do século 19 e começo do século 20. “Não lembro de ter visto outro prédio como este no Recife”, afirmou o estudante Pedro Araújo, 23. Ele é único na capital pernambucana. No Brasil, existem prédios deste estilo somente no Rio de Janeiro. O seu valor arquitetônico levou a prefeitura a inclui-lo entre os imóveis especiais de preservação do município.
Loading ...