Vida Urbana

Tire Seu Bairro do Armário ganha as ruas na luta contra a 'cura gay'

Movimento protesta contra a decisão do juiz que autoriza o tratamento de reversão da homossexualidade

O coletivo Tire Seu Bairro do Armário foi às ruas, na tarde desta sexta-feira, no ato público intitulado "Não Somos Doentes!". O protesto vai contra a decisão de um juiz que abriu precedente para terapias de reversão da homossexualidade no procedimento chamado de "cura gay". A concentração teve início às 16h, na Praça do Derby, no Recife.

Evandro Farias, um dos organizadores do ato, considera a autorização do juiz mais uma repressão aos direitos LGBTs. Foto: Eduarda França/Esp. DP

A advogada e professora universitária Manoela Alves, de 33 anos, também questiona. "A decisão é incoerente e desrespeitosa aos direitos humanos. Fez com que nós regredíssemos 27 anos em uma semana. As pessoas estão falando como se homossexualidade fosse opção. Autorizar o tratamento estigmatiza a comunidade LGBT, que já é tão marginalizada. Mas ainda temos confiança de que, em maiores instâncias, irão barrar essa decisão. O ato de hoje demarca uma luta que qualquer pessoa pode e deve ocupar, porque essa luta é uma luta por respeito e por igualdade de direitos. É uma forma de dizer que não vamos tolerar nenhum tipo de discriminação", ponderou.

A realidade marcada por conflitos daqueles que conseguem ir além dos armários não pode ser ignorada. Participante do movimento, o olindense Lucas  Vinicius da Silva, de 20 anos, pede que a orientação sexual não seja tratada como doença e lembra as consequências do preconceito que já enfrentou. "Eu sofri homofobia dentro de casa. Me assumi com 14 anos e foi muito difícil. Meu irmão me agrediu e fui expulso. Depois, ainda apanhei na rua", contou.

Cássia Lima lembra que a comunidade só quer amar e ser amada. Foto: Eduarda França/Esp. DP

Outra manifestante, Cássia Lima, 20, lembra que a comunidade LGBT só quer amar e ser amada. "Eu digo muito que a gente não tem cura nem pra AIDS, quem dirá pra homossexualidade?", brincou a jovem que se reconhece como pansexual. "Sou ativista e dentro da minha casa sofro homofobia. Já sofri diversas agressões físicas e psicológicas. O ato é importante pra mostrar a todos que a gente quer ser livre para amar. Vamos legalizar o amor".

Com informações da repórter Eduarda França

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