Vida Urbana

Torre da antiga TV Manchete será tombada

Equipamento no bairro de Ouro Preto, em Olinda, foi desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer

Antiga Torre de transmissão da extinta TV Manchete, em Olinda. Foto: Marlon Diego/Esp.DP

Uma criação do arquiteto Oscar Niemeyer localizada no bairro de Ouro Preto, em Olinda, está prestes a ganhar o título de patrimônio histórico de Pernambuco. Representando a época de ascensão da TV Manchete, a torre de transmissão, hoje utilizada pela RedeTV, já possui as garantias de conservação. Um pedido de tombamento foi acatado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) na tarde de ontem. A proposta partiu da representação estadual da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Construída em um terreno de oito mil metros quadrados durante a inauguração da TV Manchete, em junho 1983, a torre possui mais de 80 metros de altura e conta com uma estrutura de restaurante no topo. Há ainda um mirante para a cidade alta, onde só é possível chegar por uma escada de concreto, uma vez que o elevador está quebrado há dois meses.

O projeto original da empresa previa a criação de um centro cultural, com um prédio de dois andares e um teatro com capacidade para dois mil espectadores, além da torre de transmissão, única a sair do papel até o fechamento da emissora, em maio de 1999.

Na área interna da torre funciona uma sala com transmissores digitais e analógicos onde trabalha um único funcionário remanescente da extinta Manchete. O gerente técnico Romildo França, 67 anos, que hoje trabalha para a RedeTV, estava presente quando a primeira programação foi ao ar. “A direção regional funcionava toda aqui. Na época, tinha muita gente trabalhando e hoje somos apenas eu e os seguranças. Espero que o governo fique sensibilizado e dê um novo destino a esse lugar que guarda tantas histórias”, comentou.

Segundo Romildo, os equipamentos novos irão para uma sede localizada no Recife assim que o sinal analógico sair do ar, no próximo dia 26. Com o fim da transmissão, ele teme que as invasões continuem e a torre seja degradada. “Já fizemos alguns boletins de ocorrência porque as pessoas quebram o muro para roubar materiais que ainda restam como fios e cobre. Sobraram quatro carros utilizados pela equipe de reportagem e todos foram depenados e queimados aqui mesmo. Ainda estamos transmitindo o sinal analógico em cumprimento à norma da Anatel, mas este ano sairemos definitivamente daqui. Esse espaço tão importante precisa ser restaurado e ganhar uma utilidade para que a população conheça sua origem”, contou.

O presidente da representação estadual da Associação Brasileira de Imprensa, Múcio Aguiar, defende que a obra precisa ser reconhecida pelos pernambucanos. “Fizemos esse pedido para que seja dado o devido valor arquitetônico a essa obra ainda mais pelo que ela representa para a história da imprensa. Esse é um bem que precisa de proteção. É necessário abrir o debate e resgatar esse projeto tornando um equipamento de uso comum”, argumentou.

De acordo com a presidente da Fundarpe, Márcia Souto, a partir de agora uma equipe técnica passa a fazer levantamentos sobre a obra para posteriormente declarar o tombamento. “O processo vai ser instruído pelo Conselho Estadual de Cultura, que vai relatar dados relacionados a essa construção. Entendemos que a preservação é uma atribuição de todos, mas a lei prevê que a partir do momento que foi acatado o pedido, já passam a valer todas as garantias de um bem tombado”, revelou.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
Loading ...