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Mães de crianças com microcefalia denunciam falta de assistência
Cerca de 40 mulheres assinaram um documento entregue à Frente Parlamentar da Criança com Deficiência, pedindo melhores condições no atendimento às crianças
Um grupo de mães de crianças com síndrome congênita do zika vírus realizaram uma passeata na manhã de hoje pedindo melhores condições de atendimento para reabilitação e terapia multidisciplinar na rede estadual de saúde. De acordo com a União de mãe de anjos (UMA), que organizou a caminhada, somente esta semana ocorreram três mortes relacionadas a infecção respiratória.
"Por falta de reabilitação básica os bebês estão indo a óbito. Os medicamento não são cedidos pelo SUS, então as famílias além de viver em estado de miserabilidade, tem que custear remédios caros e difíceis de encontrar. O índice de mortalidade está aumentando. Somente nesta semana foram três óbitos e a impressão que a gente tem é que está indo um por um e meu filho pode estar na fila e pode chegar na vez dele. A realidade está muito difícil e no interior está caótico", conta Germana Soaraes, presidente da associação.
Mãe de Guilherme Soares, de um ano e oito meses, Germana conta que os casos de infecção respiratória foram agravados por falta de fisioterapeutas respiratórios nas unidades de saúde. "A criança acaba respirando a própria comida porque ela não sabe a engolir. E isso acontece por falta de assitência. Faltam fisioterapeutas. Meu filho toma três medicamentos apenas para a epilepsia. Gasto mais de R$ 300 por mês sem contar quando ele tem crise asmática", relata.
A experiência da auxiliar de padeiro Jaqueline Vieira de Souza, 26 anos, com o filho Daniel de Oliveira, de um ano e nove meses, é resultado da dificuldade em achar tratamento adequado, assim como medicamentos controlados que não são disponibilizados pelo SUS. Daniel recebeu tratamento com fonoaudióloga nos primeiros meses de vida e por falta de acompanhamento o quadro regridiu e a criança precisa de uma sonda para se alimentar.
"Houve um esquecimento da nossa realidade. No começo davam assistência e agora está mais difícil de encontrar terapia multidisciplinar adequada. Ele já foi internado várias vezes com febre e crise convulsiva. Agora ele não come mais pela boca e isso poderia ser evitado", diz.
O grupo de mães saiu do Parque 13 de maio até a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco e foi recebido pela coordenadora da Frente Parlamentar da Criança com Deficiência, deputada Terezinha Nunes.
"Vamos encaminhar as alegações ao governo do estado. A maioria delas reclamara que não recebem atendimento imediato nos hospitais e que faltam vagas nas UTIs. Diante disto, a frente parlamentar vai cobrar a implantação Centro de Diagnóstico de Doenças Raras, prometido pelo governo do estado, e convocar o Ministério da Saúde para resolver o problema dos medicamentos", disse Terezinha.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) enviou nota se solidarizando com as famílias das três crianças com microcefalia que vieram a óbito nos últimos 15 dias. As crianças residiam dos municípios de Orobó, Arcoverde e Cabo de Santo Agostinho, e, de acordo com o órgão, recebiam acompanhamento de equipes multiprofissionais em serviços de referências.
Em relação ao atendimento de fisioterapia respiratória, a SES imformou que possui a especialidade em suas unidades de urgência e emergência e nos serviços ambulatoriais nas Unidades Pernambucanas de Atenção Especializada (UPAEs) de Belo Jardim, Arcoverde, Petrolina, Afogados da Ingazeira e Serra Talhada.
Desde 2015, até o dia 15 de julho de 2017, foram notificados 2.357 casos suspeitos de síndrome congênita do zika/microcefalia, com 420 confirmações. No mesmo período foram notificadas 124 mortes de crianças com 17 confirmações para a síndrome.