Protesto pede que suspeito de assassinar fisioterapeuta não responda em liberdade
Suspeito foi autuado em flagrante por homicídio qualificado e feminicídio

"Mirella era muito alegre, divertida, alma leve. A gente sempre se reunia, ela tocava violão... O que mais choca é a brutalidade, ela lutava contra o machismo e ele bateu na porta dela. Nem dentro de casa estamos seguras. Ela ia sair cedo para trabalhar e pode ter sido nesse momento. A gente vai se reunir para se organizar e não deixar que esse crime seja esquecido", declarou a jornalista e fotógrafa Clarice Compasso, de 32 anos, amiga de Clarice há cerca de oito anos, durante a manifestação.
O vendedor de cosméticos foi autuado em flagrante por homicídio qualificado, por não ter dado chance de defesa à vítima e também por feminicídio. De acodo com o chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Joselito Kehrle do Amaral, o homem também pode ter abusado sexualmente da vítima, que era sua vizinha em um flat no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife.
Apesar de todos os indícios do crime brutal, como de praxe, o suspeito será apresentado à audiência de custódia, quando um juiz vai decidir se ele seguirá para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel) ou se responderá pelo crime em liberdade.
Esta manhã, durante o velório, amigas de Mirella começaram a organizar uma outra manifestação, para o próximo domingo, no centro do Recife. Na ocasião, elas também leram um manifesto e convocaram a sociedade para participarem do um protesto desta tarde, no Fórum Joana Bezerra.
Confira o texto do manifesto na íntegra:
Em meio a esse turbilhão de tristeza e dor, onde queríamos silenciar e acalentar nossos corações - tanto da família quanto dos amigos - sentimos por outro lado, a necessidade de trazer um pouco do que era Mirella.
Mirella, ao contrário dos julgamentos machistas que buscam justificar esse ato brutal e violento causado por um homem que não tinha nenhum envolvimento com ela (sabendo que mesmo que houvesse não há justificativa cabível para tal barbárie) era uma mulher jovem e determinada a viver independente e livre. Sabemos, lamentavelmente, que esse não é um caso isolado, pois todos os dias mulheres são vítimas de feminicídio. Mulheres da periferia, mulheres negras, mulheres mães, mulheres lésbicas, mulheres trans, mulheres...
Mirella conquistou sua formação de fisioterapeuta, trabalhava numa empresa multinacional da área médica e como toda jovem buscou a experiência de mais autonomia morando sozinha. Mirella lutou na vida e pela sua vida, literalmente, até o fim.
Não existe crime passional. O que existe aqui é um caso de feminicídio! Mirella não tinha nenhuma relação com o suspeito que, mesmo como disse o delegado em sua entrevista às TVs, afirmou ter visto Mirella apenas uma vez.
Os indícios existem e estão sendo apurados. E hoje haverá uma coletiva para tentar esclarecer tudo. É o que esperamos. Mas o que não podemos esquecer é que queremos justiça. O assassinato de Mirella não pode ficar impune. Precisamos de forma veemente evitar que mais uma Mirella, Maria ou outra, seja morta dessa forma tão brutal. Por isso convocamos toda a sociedade para comparecer hoje às 13h, em frente ao Fórum Joana Bezerra para a mobilização da audiência de custódia e impedir que o suspeito responda em liberdade. #Somostidosmirella [SAIBAMAIS]