Ministério das Cidades defende intervenção na Avenida Presidente Kennedy

Ao longo dos sete quilômetros da Avenida, mais de 90 pontos comerciais estão fechados por causa do prejuízo provocado pelos constantes alagamentos. Os comerciantes que ainda resistem no local instalaram placas de metal na calçada para evitar que a água da chuva e o esgoto entre causando maiores danos. O dono de uma loja de bicicletas Manoel Ventura, de 44 anos, conta que tem dois estabelecimentos em um trecho de 250 metros e percebe que algumas áreas são mais afetadas pelo esgoto, acúmulo de lixo e pelas calçadas quebradas que as outras, dificultando as vendas e provocando até a falência de algumas lojas.

"Trabalho aqui há oito anos e vou ter que fechar um dos pontos porque todo ano é atingido pela lama que leva os equipamentos e danifica toda estrutura. Antigamente eu conseguia lucrar mais de R$ 100 mil em vendas e hoje não chega a R$ 20 mil por conta dos estragos deixados. Precisei investir mais na outra loja para não fechar as portas de vez. A falta de serviços básicos por aqui e a dificuldade para estacionar também afastam os clientes", relata.

O drama se repete para quem tenta se locomover com segurança pelo principal corredor de acesso ao subúrbio de Olinda e ainda liga Avenida Pan Nordestina à Estrada de Caenga. "Todos os dias passo por aqui e quando está chovendo fica quase impossível sair de casa. Sempre presencio atropelamentos porque para chegar até a parada é muito difícil. Em algumas situações precisamos atravessar até quatro faixas para chegar ao ponto de ônibus. Meus filhos já chegaram a perder aula por alagamento que atingiu a escola", diz a vendedora Lígia Aparecida Santana, 36, que mora há sete anos em Peixinhos.

De acordo com o vereador de Olinda, Vlademir Labanca (PTC), que propôs a audiência pública, a reestruturação da Presidente Kennedy foi uma proposta de campanha do atual prefeito, Professor Lupércio (SD), e deve ser executada com urgência. "Vamos preparar um relatório e encaminhar para o executivo. Nós pretendemos iniciar uma agenda abrindo essa discussão para solucionar os problemas de desordem urbana que tanto afetam os moradores e os comerciantes", afirma.

Desde que foi entregue o corredor das nove paradas de ônibus, essa já é a terceira audiência pública convocada para apresentar soluções que diminuam os efeitos negativos vivenciados diariamente pelos moradores do bairro. Presente na Câmara de Vereadores, a coordenadora de programas sociais do Ministério das Cidades no Nordeste, Izabel Urquiza (PSDB-PE), afirmou que aguarda um programa apresentado pela Prefeitura que defina quais obras podem ser efetivadas. "O Ministério das Cidades é responsável por financiar boa parte das obras de infraestrutura no que diz respeito à mobilidade e ao saneamento público. Então podemos colaborar desde que seja apresentado um planejamento. Sabemos a importância deste corredor para a cidade e por isso defendemos uma intervenção quanto ao saneamento", diz.

De acordo com o secretário de Serviços Públicos de Olinda, Evandro Avelar, o serviço de desobstrução de 15 canais na cidade é uma das soluções que podem diminuir os constantes alagamentos. "Já terminamos a manutenção no canal Azeitona, em Peixinhos, e estamos executando agora no canal da Manária, no Varadouro. O prazo é que dentro de dois meses começamos a desobstruir as canaletas para recuperar as calçadas. Temos um longo trabalho pela frente, mas é necessário concluir essas etapas para que o resultado seja visto na Presidente Kennedy", justifica.

Já a secretária de Obras do município, Simone Lucchese, defende uma mudança estrutural nas paradas instaladas na via. "É preciso fazer uma revisão completa para aplicar uma melhor solução técnica que ataque os problemas mais urgentes, como de alagamento e a dificuldade encontrada pela população em utilizar aqueles pontos de ônibus no meio da pista", explica.