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Professores confirmam depredação nos prédios da UFPE durante ocupações

Há relatos de pichações no chão, em paredes, portas e colunas, além de arrombamentos de diversas salas de aula e de professores com destruição de móveis e equipamentos

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Diversas salas de professores foram depredadas e o material espalhado pelo chão. Foto: Passarinho/Divulgação
A ocupação dos prédios da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), realizada pelos estudantes contra a PEC 55, parece ter causado danos irreparáveis ao patrimônio da UFPE. Em nota divulgada pela entidade ontem, há relatos de pichações no chão, em paredes, portas e colunas, além de arrombamentos de diversas salas de aula e de professores com destruição de móveis e equipamentos no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e no Centro de Artes e Comunicação (CAC), no campus Recife. Um dos locais mais atingidos foi o Laboratório de tecnologia da informação (Liber) no CAC. O espaço, reconhecido nacionalmente, teve o seu acervo destruído e o estrago ainda está sendo avaliado. 

O coordenador do laboratório, professor Marcos Galindo, contou que o Liber precisará fechar até reparar os prejuízos. "Levaram laptops novos, câmeras fotográficas, mesas de digitalização, entre outros equipamentos. Levaram também o backup que tínhamos de vários documentos digitalizados. Temos equipamentos importados que levarão meses para serem consertados. Não sei nem precisar o tamanho exato do prejuízo", declara.

Marcos acredita que o ato foi premeditado. "O que ocorreu no laboratório foi um crime. Fiquei sabendo que os estudantes quebraram as câmeras internas e uma pessoa que fazia um serviço de engenharia lá na semana passada me contou que a porta do Liber já estava arrombada. Me sinto desapontado e triste por ter confiado no movimento e ter perdido uma pesquisa de no mínimo seis meses", lamenta. 
  
A coordenadora do curso de Jornalismo da UFPE Adriana Santana condenou o ocorrido. "O que aconteceu foi um desrespeito à todos os alunos, professores e funcionários. O saldo foi vergonhoso no CAC e no CFCH. Fico triste porque um movimento que é legítimo acaba sendo atrapalhado por atitudes desse tipo. Ocupar não é depredar, é cuidar do local. Desde o início acabei me afastando um pouco da ocupação porque me pareceu algo meio 'arbitrário', em que o pessoal escolhia as atividades que queria realizar, mas mantive e mantenho meu apoio à qualquer ação a favor da democracia", disse.   
 
O presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (Adufepe) Augusto Barreto afirmou que a entidade repudia veementemente a depredação ocorrida no CAC e no CFCH. "É inaceitável o que aconteceu nos dois prédios. A Adufepe não apoia o vandalismo e acredita que a posição de cada professor deve ser respeitada nesse processo. Estaremos à disposição para prestar apoio jurídico à qualquer docente que julgue necessário entrar com alguma ação judicial diante das perdas sofridas", declarou Augusto. 

A UFPE vai instaurar uma comissão de inquérito administrativo para investigar os prejuízos. De acordo com a Reitoria da instituição, após vistoria nos prédios na última sexta, foram constatados depredações e furtos no Centro de Filosofia e Ciências Humanas e no Centro de Artes e Comunicação, no campus Recife. Nos demais prédios em que também houve ocupação, como o Centro de Biociências, Centro de Educação, Centro Acadêmico de Vitória, Centro Acadêmico do Agreste, Departamento de Enfermagem e Núcleo de Educação Física e Desportos, as instalações foram entregues pelos alunos em perfeitas condições de funcionamento.