Vida Urbana

Dia Mundial sem Carro ainda tem pouca adesão no Recife

Data serve como reflexão sobre alternativas ao transporte motorizado individual

Um dia sem carro pode não resolver os problemas dos congestionamentos, mas serve de relexão sobre a busca de outros meios de deslocamento. No Recife, a campanha mundial ainda não traz impacto no trânsito. Com uma frota de 679 mil veículos, sem falar a frota circulante (de outros municípios) que chega a mais de meio milhão, deixar o carro na garagem pode parecer uma gota no oceano. Mas há também aqueles que optaram por não usar o carro dia nenhum e são eles que ajudam a formar a consciência crítica sobre um problema que só tende a piorar.

O Diario de Pernambuco ouviu dois ativistas que optaram em não ter o carro como meio de transporte diário. No Recife, o servidor público Cézar Martins, 40 anos, deu adeus ao carro há três anos e meio e não se arrepende. Ele usa basicamente a bicicleta nos deslocamentos de casa para o trabalho. “Eu tive carro durante 19 anos, desde carro de mãe e irmão até poder comprar o meu próprio carro. Em 2013, comecei a alternar o uso do carro com a bicicleta e percebi que de bicicleta eu gastava praticamente o mesmo tempo de carro. Decidi vender o veículo”, contou Martins.

O trânsito violento não o assusta e ele conta que aos poucos o corpo se adaptou às mudanças. “Antes eu pedalava em velocidade e demorava 23 minutos para chegar no trabalho, mas chegava suado e levava uma roupa para trocar. Depois reduzi o ritmo. Gasto em média 28 minutos, busco vias alternativas e evito ficar perto de ônibus”, explicou.

Em Olinda, a jornalista e artesã Eva Duarte, 45 anos, nunca quis ter carro. Costuma fazer a maior parte dos deslocamentos a pé e de transporte público. Ontem, fez um percurso a pé de Ouro Preto até o Sítio Histórico. “Gastei 25 minutos, estou pronta para o carnaval”, brincou. Apesar de caminhar com frequência, ela fala das dificuldades encontradas nos passeios. “Há todo tipo de obstáculo, desde carro estacionado na calçada até áreas onde a calçada não existe”, revelou.

Sobre possuir um automóvel, ela aponta três razões para ficar longe dessa ideia. “Não sei dirigir e não acho o trânsito seguro. O carro é também uma outra ‘família’, com um custo muito alto para manter. Por último, por uma questão de consciência, pois já há muito carro na rua”, detalhou Eva Duarte. Em todo o estado são mais de 2,8 milhões de veículos. Desses, quase metade se concentra na Região Metropolitana do Recife, com uma frota de 1,2 milhão.

Não por acaso, o Recife é uma das capitais com pior trânsito. Segundo o estudo de tráfego da empresa TomTom, que analisou este ano o trânsito em 295 cidades de 38 países, das dez cidades mais engarrafadas do mundo, três são brasileiras. O Recife é uma delas, e está em 8º lugar no ranking mundial. Na capital pernambucana gasta-se em média 43% a mais do tempo necessário para se chegar a um destino. A taxa é a mesma em Salvador e um pouco menor que a do Rio de Janeiro (47%), quarta cidade mais engarrafada do mundo.

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