Vida Urbana

Campanha para travestis e transexuais no Dia Nacional do Orgulho LGBT

Objetivo é ampliar o acesso ao teste rápido do HIV para essa população

Pernambuco dará hoje, Dia Nacional do Orgulho LGBT, mais um passo na busca da garantia de um acesso digno aos serviços de saúde para travestis e transexuais. Em parceria com a organização não-governamental internacional Aids Healthcare Foundation (AHF) e com entidades locais, o estado lançará, às 10h, a campanha Fazer o teste para o HIV é um direito de todas as pessoas, para ampliar o acesso à testagem rápida para essa população. Também será finalizado o protocolo para ofertar hormônios para as transexuais transgenitalizadas. A medicação estará disponível na rede até o fim deste ano.

A campanha faz parte das atividades da Política de Atenção à Saúde Integral LGBT, lançada em junho do ano passado. Durante um mês, uma Van percorrerá pontos de encontro dessa população, bairros e estabelecimentos que costumam concentrar lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais para incentivar a realização do teste de HIV. Também serão feitas atividades educativas com os profissionais de saúde e serão distribuídos materiais visuais para todas as unidades estaduais e municipais.

“O objetivo é fazer com que elas procurem mais as unidades, pois o direito de fazer a testagem deve ser garantido a todas as pessoas. Reforçar a criação do vínculo com o serviço para não somente fazer o exame de HIV, mas cuidar da saúde como um todos. Assim, a pessoa irá procurar o serviço como prevenção, antes de ficar doente”, explicou o o coordenador de Saúde Integral da População LGBT da SES, Jair Brandão.

Não existem dados específicos em Pernambuco sobre Aids em travestis e transexuais, mas foram notificados à SES, entre 2010 e 2015, em homossexuais e bissexuais 1.390 casos de Aids em homens e 50 casos em mulheres, totalizando 1.440 casos nesse público (considerando os maiores de 13 anos de idade). Desse total, acredita-se que 10% são de transexuais. No mesmo período, na população geral a partir da mesma idade, foram 8.326 casos. O programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) calcula que em todo o mundo 19% das transexuais femininas vivam com HIV.

A falta de estatísticas específicas ocorre, sobretudo, porque a procura dessa população pelos serviços de saúde ainda é considerada baixa. O preconceito e o estigma são os maiores empecilhos. “Acontece que muitas vezes elas são maltratadas ao chegar, como o desrespeito ao nome social. Por causa disso, o espelho é de que elas não voltam”, exemplifica a assessora de programas da Gestos, Juliana César.

Durante a campanha, também será trabalhada a qualificação do acolhimento nos serviços de saúde. Vídeos serão transmitidos nos postos para os profissionais. “A campanha não existe porque tem mais HIV nessa população, mas porque é preciso criar um ambiente favorável para o acesso dela à saúde. Resolvemos trazê-la a Pernambuco porque, infelizmente, o estado ainda tem altos índices de violência contra essas pessoas”, afirmou a diretora da AHF no Brasil, Cristina Raposo. A campanha é estrelada por travestis e transexuais.

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