Vida Urbana

Microcefalia: estímulo já no primeiro mês do bebê é essencial

Estimulação precoce é um dos principais desafios para garantir um melhor desenvolvimento das crianças com microcefalia

Rozilene Ferreira, 29 anos, não deixa de cumprir nenhuma recomendação dos profissionais. Se algo não está fixo na mente, a auxiliar de serviços gerais pede para repetir. Ela quer entender tudo para ajudar o filho Arthur Conceição, de três meses. A criança tem microcefalia e iniciou as sessões de estimulação precoce. Esse é o passo mais importante depois do diagnóstico e deve ser realizado ainda no primeiro mês de vida dos bebês, apontam os especialistas. É um dos grandes desafios da saúde brasileira atual.

A estimulação precoce compreende atividades coordenadas por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e outros profissionais para identificar as potencialidades de cada criança e permitir o desenvolvimento neuropsicomotor. A recomendação da diretriz do Ministério da Saúde, publicada neste mês, é de que o acompanhamento aconteça pelo menos até os três anos de vida. Segundo o secretário de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame, no ato do lançamento do documento, essa é a “janela de oportunidade para a redução do nível de comprometimento causado pela malformação”.

Em Pernambuco, três unidades foram credenciadas para realizar reabilitação, o Centro Especializado em Reabilitação (CER) Menina dos Olhos da Fundação Altino Ventura (FAV) e a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), ambas no Recife, e a Mens Sana Corpore Sano, em Arcoverde. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) afirmou estar buscando fortalecer a rede. “Tinha hospital que não sabiam nem aonde era, mas a gente descobre. Só quero é reduzir as sequelas do meu filho”, conta Rozilene.

Limite

O estado tem 1.306 casos suspeitos. Dos 506 que atendem aos critérios da Organização Mundial de Saúde para a microcefalia, 25% (130) estão em atendimento na FAV, o limite da unidade. Uma vez por semana, as crianças fazem avaliações e iniciam tratamento. As intervenções dependem das lesões encontradas nas tomografias. A estimulação permite reduzir problemas de amamentação, deglutição, coordenação motora e até de crescimento.

“O cérebro é como o computador central do ser humano. Quanto mais cedo ele for estimulado, melhores as chances da criança desenvolver áreas lesadas”, explicou a neuropediatra Rozivera Rodrigues. O trabalho é feito durante uma manhã, com brinquedos, lanternas, tapetes e equipamentos digitais. E deve ser continuado em casa, com cartilhas repassadas às mães e pais.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
Loading ...