Ilha de Deus: um espaço para aprender e ensinar
Há dois meses, intercambistas de vários países dão aulas de línguas a crianças, jovens e adultos da Ilha e aproveitam para aprender português

As aulas ocorrem no Centro Educacional Popular Saber Viver, de segunda a quinta-feira, todas as tardes. O clima de interação é visível, porque a troca de experiências não fica só no ambiente da sala de aula. Ao final de cada turno, estudantes e intercambistas conversam, brincam e até dançam. Trocam promessas de visitas aos países de origem dos professores. “A melhor parte é que a gente ensina um pouco de português e da nossa cultura, além de aprender sobre a cultura deles. Outro dia, ensinamos elas (as professoras) a dançarem”, contou Ivilin Ester Farias da Silva, 14 anos, estudante do 9º ano da Escola Estadual Gercino de Pontes.
A gerente de Experiência de Intercâmbio da Aiesec, Camila Diles, 22, detalhou o perfil dos intercambistas. São jovens com idades entre 18 e 30 anos, universitários ou concluintes de graduação nos últimos dois anos. Mas a característica principal dos integrantes do projeto, segundo ela, é a mente aberta. “São pessoas que querem compartilhar vidas”, destacou.
De acordo com Camila Diles, há jovens de mais de 120 países participando da iniciativa. Vêm da França, Turquia, Canadá, Egito, China, Argentina, entre outros. Atualmente, cerca de 100 intercambistas participam do projeto no Recife e Região Metropolitana, sendo 27 deles professores na Ilha de Deus. Em geral, os estrangeiros ficam hospedados em casas de família, mas 12 deles estão fixados na própria Ilha de Deus, no prédio do Centro Educacional.
A francesa Auriane Lamy, 18, natural de Paris, é estudante de Ciência Política na França. Ela destacou que chegou ao Recife sem falar nenhuma palavra em português, mas aprendeu várias com as crianças. “Elas vêm todos os dias e nos passam muita energia. Algumas, inclusive, nos convidam para conhecer a casa delas.”
Jônatas Emanuel da Silva, 12, é estudante do 4° ano da Escola Municipal Capela Santo Antônio e um dos alunos de Auriane. Ele relatou sua experiência com entusiasmo. “Eu não faltei nenhum dia. Já aprendi coisas em inglês como perguntar como está você e qual o seu nome.” Para Auriane, a única dificuldade é com relação ao nivelamento das turmas, já que elas reúnem crianças, adultos e adolescentes, algo que pode ainda ser aperfeiçoado, já que a iniciativa na Ilha de Deus tem somente dois meses.
Na outra parte, cada estrangeiro se responsabiliza por uma equipe menor, com 4 ou 5 alunos. É quando a troca de experiências fica mais intensa, porque o professor fica mais próximo das crianças e adolescentes. Atualmente são três turmas diárias, uma de espanhol, pela manhã, e duas de inglês, sendo uma à tarde e outra à noite.