"Era um cara que telefonava do trabalho para saber como a gente estava", diz pai de PM morto por colega
João Batista da Silva, 68 anos, disse que tira forças da fé para suportar a perda do filho, o policial Adriano Batista, morto dentro da viatura

Ao assistir uma entrevista do comandante geral da PM, coronel Pereira Neto, João Batista ouviu ele dizer que o soldado Flávio Oliveira, 32, tinha sido avaliado pelo corpo médico da corporação e estava apto a trabalhar.
“Foi provado que não. Pelo que ele fez foi provado que ele não estava apto a estar com uma arma no meio da rua. Poderia ter sido com qualquer pessoa, não só com o meu filho. Esse corpo de médicos precisa ser revisto, porque isso não está certo”, afirmou João Batista da Silva.
Apesar da indignação, o aposentado disse não haver mais providências a serem tomadas por parte da família. “Sou muito pequeno para me meter nisso. O que fizeram comigo não tem mais reparo. Meu filho não volta mais. Então, agora é pedir a Deus pelos outros dois que ficaram para não acontecer com eles, porque um está na Polícia Civil."
No enterro de Adriano Batista, o coronel Pereira Neto enfatizou que a tragédia afetou todos os policiais, civis ou da PM, além da população de modo geral. Mas destacou novamente que os PMs são submetidos a um exame psicotécnico equando ingressam na corporação e são observados durante a trajetória profissional.
“Quando o soldado Flávio foi submetido à junta médica e ficou decidido que ele estava em condições de trabalhar não cabia ao comandante geral questionar”, observou. Para João Batista, a lembrança que fica é de um filho carinhoso. Ele disse buscar apoio na fé para suportar a dor.
Confira o depoimento de João Batista dado à imprensa durante o enterro do filho:
"Eu tenho uma religião que me ajuda muito nesta hora, porque sou espírita. Por outro lado, meu filho sendo policial sempre estávamos esperando alguma coisa ruim, porque a gente não ficava confortável com isso. Não é fácil, principalmente quando a gente tem um filho tão próximo como ele era de mim e da mãe dele. Estava sempre lá conversando conosco e dizendo que se precisássemos de alguma coisa era só ligar. Era um excelente filho, um cara que telefonava do trabalho para seber como a gente estava. Toda vez que chegava lá em casa me dava um beijo e eu dizia: como é que tu beija um velho feito eu? Ele dizia: o senhor é meu pai, não é um velho não. Essa é a lembrança que vai ficar."