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Quatro décadas após a cheia de 75, barragens protegem o Recife, mas alagamentos continuam

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Foto: Arquivo/DP/D.A.Press

A Região Metropolitana do Recife conviveu, nos séculos 19 e 20, com a sombra de enchentes catastróficas. Não foram poucas as vezes em que pontes, muros, casas e casarões tiveram que ser reconstruídos após serem tragados pelas águas dos cinco rios e 99 canais da região. Há exatas quatro décadas, um boato de que a barragem de Tapacurá havia “estourado” foi o último e dramático ato de um período de seis dias de dor, gerada pela maior enchente em 100 anos, que terminou com 107 mortos. No aniversário da tragédia, o Diario relembra o que foi feito para evitar novos “julhos de 75” e as deficiências que continuam permitindo tantos alagamentos e transtornos quando chove.

As águas da bacia hidrográfica do Capibaribe e afluentes foram “domadas” com barragens. Quatro estão em funcionamento e cinco em implantação. Já o sistema de drenagem não acompanhou o crescimento da cidade. Os serviços realizados para melhorar o sistema são pontuais, sem atacar as causas dos problemas.


O engenheiro civil Antonio Valdo, assessor técnico da Emlurb, diz que hoje o recifense sofre por causa de alagamentos pela incapacidade do sistema de absorver um grande volume de água. “O perigo de enchente é de 1,5% com as atuais condições que o estado tem de barragens de contenção. Com a construção de mais cinco barragens, esse percentual deve se reduzir, mas não vai chegar a zero, porque pode chover muito por muitos dias seguidos e as barragens não suportarem.”

Em 1975, a única barragem existente era a de Tapacurá, mas ela não dá conta dos outros afluentes do Capibaribe. O controle de águas no Recife é feito hoje pelas barragens de Carpina e Jucazinho, segundo o secretário-executivo de Recursos Hídricos, Almir Cirillo.

“A precipitação do Recife em julho de 1975 (68mm) não teria sido suficiente para causar tanto estrago. Foram 68 mm. Mas choveu muito no médio Capibaribe, onde não havia barragem”, lembra Antonio Valdo. Outro fator que provoca enchentes é a redução da vazão dos rios e canais, por acúmulo de detritos, e a ocupação de áreas alagadas e de mangue. “Mas ainda que o Recife não fosse ocupado, a planície teria ficado submersa pelo que choveu no interior”, ressalta Valdo.

Para sanar os alagamentos, a prefeitura elabora o Plano Diretor de Drenagem, que deverá proibir aterros e instituir o manejo das águas pluviais. Nenhuma obra poderá ser feita se comprometer o sistema. “Acredito que a médio prazo vamos resolver de forma efetiva, incluindo os alagamentos”, afirma Valdo. O texto e os anexos estão em fase final de elaboração. Até setembro o documento será encaminhado à Câmara de Vereadores.

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