Provas contra os PMs réus são consistentes, diz promotor
[SAIBAMAIS]
Nove anos após as mortes de dois adolescentes, afogados após serem obrigados a entrar no Rio Capibaribe, cinco dos oito policiais militares acusados pelo crime irão a júri popular. Serão julgados os réus Sebastião Antônio Félix (tenente), Aldenes Carneiro da Silva (sargento), José Marcondi Evangelista (soldado), Ulisses Francisco da Silva (soldado) e Irandi Antônio da Silva (soldado). Todos já chegaram ao fórum."Não há uma previsão legal, mas é claro que todos os cinco praticaram o mesmo ato, cada um teve uma atitude diferente e vão responder na medida da sua culpabilidade", explicou. A escolha dos sete jurados será o primeiro passo do julgamento.
As mães de Zinael José Souza da Silva, 17, e Diogo Rosendo Ferreira, 15, chegaram ao fórum vestindo camisas com as fotos dos filhos.Temendo represálias, elas pedem para não terem os rostos fotografados. Os familiares estão confiantes na condenação. O pai de Nizeal, Israel Ferreira da Silva, sargento reformado da PM, também acompanha o julgamento. "Eles enquanto policiais não poderiam ter feito o que fizeram. Se os meninos estivessem fazendo algo errado, o certo seria levá-los para a delegacia", disse.
Como aconteceu - Um grupo de 17 adolescentes foi abordado por duas viaturas, sendo uma do Batalhão de Radiopatrulha e outra da Emergência Policial 190 do 16º BPM, nas imediações do Cais de Santa Rita quando seguiam para o Marco Zero, onde iriam brincar carnaval. Ouvidos pela reportagem na época do crime, os adolescentes contaram que foram colocados dentro das viaturas, circularam por várias ruas da cidade e depois foram levados para as imediações do Fórum do Recife, em Joana Bezerra. Lá, os adolescentes disseram que sofreram espancamentos de cassetetes, foram agredidos com tapas e depois obrigados a entrar na maré.
Como não sabiam nadar, Diogo e Zinael morreram afogados. Os outros garotos conseguiram sobreviver. Familiares das vítimas afirmaram que os meninos foram confundidos com um grupo que estava realizando furtos no Bairro do Recife. “Nossos filhos não eram ladrões. Só porque estavam com os cabelos pintados de loiro os policiais pensaram que eles estavam roubando”, afirmou a mãe de dois jovens que foram agredidos.
Em depoimentos à polícia e à Corregedoria Geral, os militares contaram que pegaram os garotos e depois os abandonaram, mas negam que tenham particado agressões. No entanto, segundo o delegado responsável pelas investigações não restam dúvidas das participações de cinco deles no crime.
“Com menos de 30 dias já tínhamos a identificação de todas as vítimas, sendo duas fatais, e ainda das viaturas que participaram das duas ações bem como os nomes dos envolvidos. Cinco deles foram indiciados, que são esses que estão indo a júri, os outros três foram denunciados pelo Ministério Público e serão julgados depois”, ressaltou o delegado Paulo Jeann Barros.
Depoimentos das vítimas e testemunhas, mapeamento das viaturas através do sistema GPS, recibo de devolução de dois cassetetes quebrados e o reconhecimento fotográfico dos suspeitos realizados pelas vítimas e testemunhas foram alguns dos indícios e provas materiais apresentados pela polícia.