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Cinco crimes que chocaram Pernambuco nos últimos 15 anos

Diario relembra casos policiais que aconteceram no estado e tiveram repercussão nacional e até internacional

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Paulo Paiva/DP/D.A.Press
Trio confessou crimes durante julgamento, em 2014. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A.Press

Na véspera da decisão sobre o pedido de anulação do julgamento do Caso Serrambi, como ficou conhecido o crime que resultou na morte de duas adolescentes de classe média do Recife, o Diario de Pernambuco relembra cinco crimes de grande repercussão que aconteceram no estado nos últimos 15 anos. Confira a seleção a seguir:  

1 - Canibais de Garanhuns

Acusados de assassinar, esquartejar e comer a carne humana das vítimas, os “Canibais de Garanhuns”, como o caso ficou conhecido, ganhou repercussão internacional. Jorge Beltrão, Isabel Pires e Bruna Silva foram responsáveis por pelo menos três mortes, segundo a polícia. Depoimentos revelaram que o trio recheava salgados, como empadas, com carne humana e vendiam em Garanhuns, no Agreste, onde moravam até serem presos em 2012. O julgamento aconteceu em novembro de 2014. O júri popular, em Olinda, votou pela condenação deles em relação ao assassinato de uma adolescente de 17 anos.

As penas:

Jorge Beltrão pegou 21 anos e seis meses de reclusão, mais um ano e seis meses de detenção e 320 dias de multa por homicídio quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e vilipêndio (por molestarem o corpo após o assassinato)

Bruna Silva e Isabel Pires foram condenadas a 19 anos de reclusão, um ano de detenção e 120 dias de multas, também por homicídio quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e vilipêndio

Os três permanecem presos e ainda serão julgados por outras duas mortes em Garanhuns

2 - Caso Alcides

Filho de uma ex-catadora de lixo, Alcides do Nascimento Lins, 22 anos, ficou conhecido nacionalmente por entrar numa universidade pública com destaque. Mas a história de superação terminou em tragédia, que chocou o país. Faltando poucos meses para se formar em biomedicina, ele foi morto a tiros na porta de casa. Os assassinos, João Guilherme Nunes da Costa e um adolescente de 17 anos, estavam à procura de um vizinho de Alcides. Como o rapaz não se encontrava no local, mataram o estudante para “não perder a viagem”. João Guilherme foi condenado em julgamento em junho de 2011. No caso do adolescente, a Justiça determinou três anos de medida socioeducativa na unidade de internação da Funase.

As penas:

João Guilherme foi condenado a 25 anos de prisão, sendo 21 anos por homicídio e 4 anos por corrupção de menor. Continua preso

O adolescente, na Funase, se envolveu em denúncias de tortura a outro companheiro de cela. Foi transferido para o Cotel. Ano passado, foi condenado por este novo crime

3 - Caso Serrambi

Os corpos das adolescentes de classe média Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão, ambas de 16 anos, foram encontrados em um canavial à beira da PE0-15 em Camela, Mata Sul do estado, em 13 de maio de 2003. As duas estavam desaparecidas há dez dias. Até então elas passavam o fim de semana na casa de amigos em Serrambi, Litoral Sul do estado. Investigações das polícias Civil e Federal apontaram que os irmãos Marcelo e Valfrido Lira, ambos kombeiros, foram acusados pelo crime. Em julgamento, em 2010, ambos foram absolvidos. O Ministério Público de Pernambuco pediu a anulação do júri alegando que haviam jurados que seriam pessoas conhecidas dos réus. O crime permanece impune.

 

4 - Caso Jennifer

Motivados pelo pagamento de um seguro de vida no valor de R$ 1,2 milhão, o marido e os sogros da alemã Jennifer Marion Kloker criaram um plano para assassiná-la em viagem ao Brasil. Em fevereiro de 2010, na quarta-feira de cinzas, o corpo foi encontrado com três tiros na BR-408, em São Lourenço. Familiares alegaram que a morte aconteceu após um assalto. Ao longo das investigações, a polícia foi montando as peças do quebra-cabeça, que revelaram ainda a contratação de Alexsandro Neves dos Santos por R$ 5 mil para executar a vítima. Delma Freire, sogra da vítima, foi identificada como a mentora do crime. O marido, Pablo Tonelli, e o sogro, Ferdinando Tonelli, foram presos junto com ela. Dinarte Dantas, irmão de Delma, teria comprado a arma usada no assassinato. O julgamento aconteceu em dezembro de 2012. Todos foram condenados.

As penas:

Delma pegou pena de 32 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha e homicídio duplamente qualificado, além de fraude processual

Pablo e Ferdinando foram condenados a 25 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha

Dinarte pegou pena de 14 anos por homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha. Recebeu uma pena mais leve por ter colaborado com as investigações da polícia, inclusive na criação de um retrato falado do executor do crime

Alexsandro foi condenado a 26 anos por homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha

5 - Caso Alisson Jerrar

Dirigindo sob efeito de álcool e supostamente em alta velocidade, o empresário Alisson Jerrar Zacarias dos Santos provocou um acidente de trânsito e matou a técnica de laboratório Aurinete Gomes de Lima dos Santos. Alisson ultrapassou um semáforo no cruzamento da Avenida Domingos Ferreira com a Rua Ernesto de Paula Santos, na Zona Sul do Recife, em 13 de dezembro de 2008. O marido e a filha da vítima foram atingidos, mas sobreviveram. O caso foi considerado um dos mais emblemáticos de Pernambuco porque a Polícia Civil indiciou o acusado por homicídio doloso (quando há intenção de matar). Até então, em casos como este, os indiciamentos eram por homicídio culposo (sem intenção). O julgamento do empresário aconteceu em setembro de 2014. Ele foi condenado.

A pena:

Oito anos em regime semiaberto por homicídio doloso e duas tentativas de homicídio. Ele recorre da pena em liberdade