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Saiba quando é preciso a troca das próteses de silicone mamárias
Recentemente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 14.538/23 que garante às mulheres o direito de troca de implante mamário nas pacientes submetidas ao tratamento de câncer sempre que houver complicações ou efeitos adversos. Além disso, a regra vale tanto para o setor privado quanto para o Sistema Único de Saúde (SUS). Embora as atuais próteses mamárias não possuam prazo de validade estabelecido por conta da alta evolução tecnológica dos materiais, elas podem apresentar problemas ou a paciente ter algum tipo de intercorrência ou reação após determinado tempo.
O cirurgião plástico André Eyler, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e American Society of Plastic Surgeons, explica que os quadros das intercorrências independem do tratamento do câncer e que as principais causas para o explante da prótese mamária são a contratura capsular, que é o endurecimento da cápsula que se forma ao redor da prótese e pode provocar inflamação, dor e deformidades, a ruptura, que apesar de mais rara gera a inflamação dos tecidos ao redor e, ainda as infecções no período pós-operatório. Nestas os sintomas são mamas avermelhadas, febre e secreção. Em geral, a remoção é a indicação quando o problema não puder ser solucionado através de medicamentos. O especialista alerta que se a pessoa sentir qualquer sintoma ou observar endurecimento da cicatriz, ruptura da prótese, enrijecimento dos seios, prótese visível, dor e desconforto nas mamas busque imediatamente seu médico.
Também existe o caso de mulheres que apresentam o efeito rippling, mais comum em mulheres muito magras e com próteses grandes, que traz enrugamento da pele, ondulação ou dobra na região superior do tórax pós-procedimento. “Não há riscos nem danos para a saúde no rippling, mas a qualidade estética do resultado fica comprometida e afeta a autoestima da paciente”, diz o Dr. Eyler, que possui especialização em cirurgia reparadora e atuou com reconstrução mamária no Hospital Mário Kroeff, no Rio de Janeiro, referência em tratamento oncológico. O cirurgião plástico acrescenta que a prótese de silicone deve ser trocada sempre que representar danos à saúde física ou emocional da paciente.
Apesar do implante de mama estar cada vez mais resistente, com uma camada externa de silicone, além de o gel usado ser mais consistente, o que evita vazamento, pode acontecer o rompimento. Entretanto, somente 10% das próteses de silicone sofrem com isso. Porém, depois de certo tempo de implante pode haver um desgaste natural da prótese de silicone, que frequentemente está relacionada com a quantidade de esforço que a paciente realiza em sua rotina, e, em especial, com a qualidade do silicone utilizado. Fatores como traumas, lesões graves, prótese de baixa qualidade ou até um exame de mamografia que não foi realizado do modo correto também podem levar ao rompimento da prótese. “Antes da mamografia, a paciente deve informar que tem prótese na mama”, orienta o médico.
Além do mais, a retirada da prótese de silicone de maneira definitiva também é possível, desde que seja retirado o excesso de pele e remodele a região. “Às vezes após alguns anos ocorre um descontentamento feminino com o tamanho que foi colocado nas mamas. Muitas querem substituir a prótese por um formato menor, até porque a tendência mundial são as de tamanho médio, adequado ao biotipo da pessoa. Por isso, é importante o cirurgião plástico sempre orientar a paciente sobre a prótese proporcional a sua estrutura corporal, a fim de surtir um efeito mais natural, com equilíbrio e harmonia estética. Não é recomendada uma prótese muito volumosa, prevendo a possibilidade de haver o explante no futuro. Além de levar a dores na coluna e problemas de postura devido ao peso, acontece a extensão excessiva da pele que pode causar rompimento das fibras e estrias. Se deve avaliar, sobretudo, a estrutura mamária, quando se coloca a prótese, para evitar inclusive intercorrências”, aponta o Dr. Eyler.
Para aquelas que preferem a remoção definitiva do implante ou complementar e aperfeiçoar o procedimento na troca de prótese, existe a alternativa cirúrgica que faz o remodelamento dos seios com enxerto de gordura autóloga - da própria pessoa – o que impossibilita qualquer reação adversa do organismo.
O avanço nas próteses de silicone permitiu que o tempo de vida útil do produto dentro do corpo humano também se estendesse. Dos tradicionais 10 anos para as mais antigas, atualmente o prazo de validade das próteses modernas e de alta qualidade, que são texturizadas ou micro texturizadas, costumam ter uma durabilidade média que varia de 15 a 25 anos. No entanto, o Dr. Eyler ressalta que a consulta periódica com o médico especialista é necessária para identificar alguma eventual complicação. Além dos exames clínicos e físicos, se houver indicação são prescritas mamografia e ecografia das mamas e, ainda ressonância magnética em casos mais específicos. "O acompanhamento regular permite ficar atento e investigar alguns sinais de alterações tardias e evitar assim maiores complicações”, afirma o médico.