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"Política se faz com gesto e reciprocidade", diz Miguel Coelho sobre aliança com João Campos

Presidente do União Brasil em Pernambuco afirmou que não se nega convite de governador, mas encontrou com Raquel Lyra "por educação"

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Eleito presidente do União Brasil em Pernambuco na noite da última segunda-feira (10), Miguel Coelho esteve no centro de especulações sobre uma mudança de palanques após encontro com a governadora Raquel Lyra (PSDB). O ex-prefeito de Petrolina, no entanto, reforçou a aliança com o prefeito João Campos (PSB), e afirmou – em entrevista à Rádio Folha nesta terça-feira (11) – que a ausência de gestos da tucana desde 2022 abriu espaço para uma aproximação com os socialistas.

“Todos acompanharam como foi a eleição e nosso apoio à então candidata Raquel Lyra. O que aconteceu de lá para cá é fato passado. Cada um tomou a decisão que achou que era melhor. Isso passou e abriu caminho para uma reaproximação com o prefeito João Campos. Política se faz com gesto, respeito aos espaços e reciprocidade. O União Brasil apoiou o prefeito do Recife assim como o PSB nos apoiou em Petrolina, maior cidade que temos à nível estadual”, disse Coelho.

Segundo o petrolinense, ele correspondeu ao convite da governadora “por educação”, mas garantiu que nenhuma proposta seria aceita, não havendo cabimento para uma mudança de posição política.

“Você não diz ‘não’ para governador e presidente. Há mais de dois anos eu não conversava com a governadora Raquel Lyra. Fui por educação, cortesia. O gesto foi dela fazer o convite. Falamos muito sobre Pernambuco e o União Brasil, e deixei claro o nosso posicionamento e grupo político. Reiterei que não tinha cabimento e espaço de, no momento atual, ter qualquer mudança de posicionamento. Entendi o que ela estava fazendo, se chama política. Mas nosso grupo está com uma consciência tranquila de que estamos trilhando um caminho onde houve reciprocidade, respeito e confiança na construção de um projeto político maior”, declarou.

Apesar disso, Coelho reforçou que as composições para 2026 serão definidas apenas em 2026. Nas próximas eleições, a legenda deve buscar um assento no Senado para o próprio Miguel Coelho, além de três a cinco deputados federais, e sete ou oito estaduais.

Dissidentes

Eleito vice-presidência estadual do União Brasil, o deputado federal Mendonça Filho é de um grupo político diferente da família Coelho. Próximo da governadora, há especulações de que ele deve indicar um nome para assumir a Secretaria de Esportes – separada da Educação.

Para Miguel Coelho, a divergência de posicionamento é parte do processo democrático. “Na condição de presidente estadual, tenho que ter sensibilidade e equilíbrio de ponderar sempre, mas colocando como prioridade o fortalecimento do partido”, afirmou.

As diferenças internas também são observadas no Legislativo pernambucano. A deputada estadual Socorro Pimentel (UB) é a atual líder do Governo na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), e o partido compõe o “blocão” de maioria governista.

Questionado sobre uma possível independência dos parlamentares para se aliarem à tucana, Miguel reforçou o prazo de desincompatibilização em 2026, e esclareceu que o convite para Pimentel assumir a liderança governista foi pessoal e não passou pelo partido.