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Alexandre de Moraes abre investigação sobre afirmação de Weintraub em podcast

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Nesta sexta-feira (21) o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, abriu um procedimento de investigação para apurar declarações proferidas pelo ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Abraham Weintraub, contra ministros da suprema corte durante entrevista concedida ao lado de seu irmão, Arthur Weintraub, ao podcast Inteligência Limitada.

Sem apresentar provas de suas alegações, Weintraub afirmou que um dos ministros que lhe negaram habeas corpus tentou comprar a casa que possui em um condomínio fechado, mesmo que não estivesse à venda, alegando que o o ex-ministro da Educação, então vivendo nos Estados Unidos, era alvo de uma investigação e não voltaria ao Brasil.

"Eu vou contar um outro detalhe picante. Moro numa casa, num condomínio fechado, uma casa boa. Um juiz do STF estava procurando casa na região, dentro do condomínio. Viu a minha casa e falou: 'Pô, casa bonita, hein, de quem é?' Falaram: 'Abraham Weintraub.' 'Pergunta para ele se não quer vender para mim'", disse Weintraub na entrevista, continuando: "'Não tá à venda.' 'Pergunta se quer vender para mim, já que ele não vai mais voltar ao Brasil.' O que acha disso? É adequado?". O entrevistador do programa, conhecido como Vilela, diz que isso é grave. Weintraub responde: "Isso é grave? E todo o resto que falamos aqui? É anedótico. É piada pronta."

Weintraub disse ainda que foi chamado de covarde por fugir para os Estados Unidos para não ser preso pelo STF. A Corte nunca determinou sua prisão, mas o ex-ministro acreditava nessa possibilidade. Ele passou a ser investigado por ataques ao STF em maio de 2020, quando o então ministro da Justiça, André Mendonça, hoje ministro do STF, pediu à Corte a suspensão da investigação. O pedido foi negado.

Moraes determinou a apuração às afirmações de Weinstraub no âmbito do conhecido como “inquérito das fake news”, que investiga ataques e ameaças a membros do STF. A petição do ministro contendo um trecho da entrevista foi separada num procedimento próprio, não se tratando de um inquérito ainda, encontra-se em uma etapa anterior.  A conduta do ex-ministro da Educação poderá ser alvo de sanções a partir da próxima fase do processo.

Racha com Bolsonaro

Weintraub afirmou que há cerca de um ano, desde que deixou o ministério da Educação, não tem conseguido falar com Bolsonaro, que não atende suas ligações desde que ele foi realocado para o Banco Mundial, nos Estados Unidos. Depois que uma seguidora lhe pediu para não “lavar roupa suja” nas redes com a advogada do presidente, Karina Kufa, e sim conversar diretamente, o ex-ministro afirmou “tento falar há mais de um ano com ele…”. 

A advogada escreveu que “Caíram as máscaras. Os irmãos nunca me enganaram”, referindo-se a Abraham e Arthur ao comentar seus desentendimentos com membros do Governo Federal. Em resposta, o ex-ministro afirmou que nunca engana o povo e questionou onde está o dinheiro para criação do Aliança Pelo Brasil. “Foi sabotagem ou incompetência? Vai devolver o dinheiro?”, questionou Weintraub. 

Na quinta-feira (20), Eduardo Bolsonaro atacou os irmãos Weintraub alegando que “engolia sapos” para ver se eles “se corrigiam”. O filho do presidente que era mais próximo a Abraham e Arthur foi encarada como sinal de ruptura e divisão na ala mais radical do governo. 

“Esta thread (sequência de tweets do secretário da Cultura Mario Frias) explica muito do que estava ocorrendo nos bastidores. Não se trata de dividir/unir a direita, mas separar o joio do trigo. Todo este tempo que nós engolíamos sapos na verdade era a chance para eles se corrigirem, mas nada foi feito. Então agora está aí, tudo às claras”, escreveu Eduardo.  

Questionado porque estava endossando "futuras prisões de gente que não cometeu crime", Eduardo sugeriu que a indicação de Weintraub para o Banco Mundial ocorreu para evitar sua prisão. “Se endossássemos prisões arbitrárias, Abraham jamais teria ido aos EUA junto com seu irmão”, postou o filho do presidente.