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MTST fará almoço para sem-teto com camarão doado por apoiadores

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Foto: Guilherme Boulos/Facebook/Reprodução
"O camarão seco é uma comida popular e base de muitas receitas da culinária de terreiro", explicou a chef Bel Coelho
Voluntários do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) farão um almoço cujo prato principal é acarajé para os moradores da ocupação Carolina de Jesus, no bairro São Mateus, em São Paulo. O evento, agendado para o próximo domingo (21), ocorre na esteira da polêmica levantada nesta semana envolvendo a passagem do ator e diretor Wagner Moura pela ocupação. Na ocasião, Moura foi fotografado comendo camarão, item básico na receita do acarajé, o que gerou críticas nas redes sociais.

Em entrevista ao colunista Leonardo Sakamoto, do Uol, a chef de cozinha Bel Coelho explica que ‘não é uma reação’, mas uma ação que valoriza a cultura alimentar tradicional do Brasil. Ela é uma das voluntárias do MTST. “Obviamente que há dificuldade de acesso a um camarão tigre, um camarão rosa grande, porque são caros. Mas o camarão seco é uma comida popular e base de muitas receitas da culinária de terreiro”, distinguiu.

Coelho também lembrou a importância religiosa do prato, que faz parte dos ritos das religiões de matriz africana, especialmente o candomblé. “Temos que falar do acarajé, da comida de santo, da cultura afrodescendente e de como ela é fundamental na identidade da cultura alimentar brasileira”, explicou ao Uol.


Entenda a polêmica do camarão
Moura foi fotografado comendo uma marmita de acarajé, depois que Mariguella, seu filme mais recente, foi exibido no local. Personalidades da direita brasileira, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), criticaram a aparente contradição da imagem. Dentre as muitas pessoas que rebateram a posição, esteve a cozinheira do restaurante que fez aquele jantar.

“São recheios de acaraje, que eu levei de forma voluntária cerca de 150 unidades de mini acarajes para distribuir entre acampados e os artistas presentes. Pois faço parte do MTST com muito orgulho”, escreveu Beatriz Alves, do restaurante Acarajazz. No perfil oficial do restaurante, também foi colocada uma mensagem que pede “menos osso e mais camarão” e fala que ver “pobre comendo bem” incomoda mais que a própria fome.