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'Pandemia é também uma crise de confiança', diz Luana Araújo na CPI

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A médica infectologista Luana Araújo defendeu a atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Segundo a especialista, o Brasil poderia ter evitado um agravamento da pandemia com este sistema para “diagnóstico precoce, educação, aconselhamento e acompanhamento das pessoas”.
 
O senador Humberto Costa (PT-PE) questionou a médica sobre o podcast que ela gravou juntamente à Universidade Johns Hopkins, que se chama “Public Health On Call” [Saúde Pública em Chamada]. “A senhora diz que nós temos no Brasil um sistema de atenção primária bastante forte e que poderíamos ter dado, levando em consideração a isto, uma resposta muito diferente daquela que nós demos até agora”, disse o parlamentar. Em seguida, ele questionou se este sistema poderia ter tido um papel mais adequado no enfrentamento à pandemia de Covid-19.

“Nós temos um sistema de saúde pública que é invejado no resto do mundo. O SUS é uma das maiores ferramentas em saúde pública que existem no mundo. É claro que tem problemas importantes, de custo efetividade, de qualidade de cuidado que a gente consegue oferecer, de temporalidade, mas é um sistema excepcional”, respondeu a doutora Luana Araújo. 
 
Ela completou: “Quando a gente fala em combate à pandemia, principalmente para uma doença cujo tratamento farmacológico, até este momento, é inexistente, a gente não pode considerar a resposta a esta pandemia como algo focado na atenção terciária. Eu não posso focar em hospitais, simplesmente, toda minha estratégia de pandemia porque eu já estou atrasada. Se eu penso em só fazer leitos de CTI, eu tô atrasada. O que eu preciso fazer é mudar o eixo de resposta para a atenção primária e serve não só para um diagnóstico precoce, mas principalmente para a educação e aconselhamento, acompanhamento das pessoas”, criticou.
 
Para Luana, esta pandemia é muito além do que uma crise na saúde. “Quando eu digo que a pandemia é uma crise de confiança também, isso poderia ter sido amenizado pelo uso da atenção primária. Deve e espero, ser utilizada de forma mais contundente daqui para frente na nossa resposta”, afirmou.