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Oposição quer abertura de CPI na Alepe para investigar ataques da PM em protesto no Recife
Abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar de onde partiu a ordem para que a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) agisse com truculência contra manifestantes que participavam de ato pacífico no centro do Recife no sábado (29). Esse é objetivo principal do pedido de abertura de CPI enviado pelo deputado estadual Alberto Feitosa (PSC) à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), nesta segunda-feira (7). Para que a Comissão seja aberta, a proposta precisa angariar 17 assinaturas. Coisa, que segundo apuração, ainda não é garantida.
De acordo com o parlamentar, existe uma necessidade para entender como e de onde os tiros começaram. De acordo com ele, a ordem foi dada por uma terceira pessoa e o comandante que pediu exoneração do cargo, Vanildo Maranhão, foi apenas um ‘peão’ neste jogo. “Precisamos entender de onde partiram os tiros. Com toda certeza houve a ordem de terceiros e tanto Vanildo (agora ex-comandante) quanto os demais envolvidos na operação, mesmo sendo possivelmente contrários, precisaram obedecer ordens”, argumentou em entrevista ao Diario.
Feitosa (PSC) argumentou, ainda, que o executivo, por ter nomeado tanto os secretários quanto os comandantes, não consegue ser isento. E isso, segundo ele, atrapalha o ‘dar nome aos bois’. “Tem fatos que o executivo não está apropriado a investigar. Eles (do executivo) nomeiam os cargos. Quem ligou pro Coronel Vanildo e mandou ele sair? Ele não deixou claro quem do Choque que deu o toque para a companhia sair. O que houve de errado para que eles autorizassem a tropa de choque com as armas e de maneira erradas? Isso precisa ser respondido”, arguiu e perguntou o Coronel.
O deputado afirmou que a decisão para os ataques partiram de terceiros. Em entrevista, ele assinalou que conversou com pessoas tidas como ‘importantes’ e ‘influentes’ que confirmam a tese dele. “Tenho certeza que houve decisão de terceiros. Ele (Vanildo) ponderou dizendo que não daria certo. Mesmo assim, eles foram obrigados a cumprir ordem de uma autoridade superior a empregar o choque”, afirmou.
Sobre isto, a deputada Teresa Leitão (PT) assinalou que possui algumas ressalvas. “Se ele já sabe quem deu a ordem, como ele afirmou durante recente posicionamento, por qual motivo ele quer abrir uma CPI? Se ele já sabe, ele precisa é cobrar”, pontua a parlamentar que é líder do PT na Alepe. Antes de ler o arrazoado que propõe a CPI, a deputada afirmou que a Casa possui uma espécie de liturgia e que espera que seja seguida.
“Primeiro, o governador precisa receber a assembleia (Alepe). A reunião que tivemos com o secretário foi uma reunião informal. Na Alepe temos uma Comissão de Segurança Pública e essa comissão precisa se posicionar: dizer com quem vai falar, quais documentos vão pedir. Além disso, a Casa precisa definir um corpo de membros que vai acompanhar o caso com mais proximidade”, vaticinou Teresa.
Questionada sobre a posição do PT, Teresa afirmou que a sigla discute a situação.
Da mesma ala do Coronel, a deputada Clarissa Tércio (PSC) destacou que a iniciativa do correligionário é uma posição importante e que possui sua relevância. De acordo com ela, que não esteve presente nos atos, houve uma espécie de confronto. Imagens que circulam nas redes e até mesmo em redes de televisão mostram o contrário. "Foi um episódio que repercutiu internacionalmente e muito negativamente, mostrando total falta de despreparo do Governo de Pernambuco ao afastar o oficial responsável... O povo quer a verdade", pontua a parlamentar.
Protesto
Manifestantes se reuniram na manhã do sábado, 29, na praça do Derby, área central do Recife. Eles protestavam contra o governo Jair Bolsonaro (sem partido), seguiam em direção à Praça do Diario, ponto que dispersaria os manifestantes, quando foram agredidos, de forma truculenta, pela Polícia Militar de Pernambuco (PMPE).
Os tiros com bala de borracha e a agressão com spray de pimenta, que atingiu a vereadora do Recife, Liana Cirne (PT) tiveram início nas imediações da Avenida Guararapes, ponto próximo ao local de finalização do ato. Além de Liana, outros protestantes foram atingidos pela ação da PM. Entre eles, um senhor que estava indo em direção ao centro do Recife. Este repórter do Diario também foi atingido com um tiro de bala de borracha no pé.
A assessoria do Palácio das Princesas informou que seria necessário entrar em contato com a assessoria da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE). Ao entrar em contato com este órgão, o órgão pede para que envie um e-mail para aguardar a emissão de uma nota.
Por meio de vídeo, publicado em suas redes sociais, a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB) informou que a ordem de dispersar o ato não partiu do governo de Pernambuco.
“Acabo de saber do episódio na [Avenida] Dantas Barreto da violência praticada contra os manifestantes e quero aqui dizer que isso não foi autorizado pelo governo do estado. O governador Paulo Câmara tem se pautado pela democracia, pelo diálogo, e nesse sentido eu falo também como militante que sou, acostumada a estar nas manifestações populares do nosso estado e do nosso país. Nós condenamos esse tipo de atitude e vamos tirar as consequências do acontecido”, afirmou em vídeo.
O protesto, que permanecia pacífico, tomou outro rumo após a polícia jogar bombas e atirar balas de borracha nos manifestantes. O governador Paulo Câmara (PSB) segue, neste momento, reunido com o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, para definir o que será feito com a organização.