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'Ele foi pior do que eu imaginava', declara João Amoêdo sobre Bolsonaro

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O ex-presidenciável João Amoêdo, um dos fundadores do partido Novo, fez críticas ao presidente da República e diz nunca ter acreditado muito na capacidade de Bolsonaro. Em 2018, João votou no atual presidente, porém, também se prontificou afirmando que o seu voto em Bolsonaro não era de apoio, e sim contra o PT. “Eu não aceitava votar em um partido que tinha participado de um esquema de corrupção, o PT”, frisou. “Eu não esperava que ele fizesse muita coisa, mas eu me surpreendi em ele ter feito tanta coisa ruim. Ele foi pior do que eu imaginava”. Foi o que declarou na manhã desta quarta-feira na Rádio Clube AM 720, em entrevista ao titular da coluna Diario Político, Rhaldney Santos, no programa Manhã na Clube, durante transmissão realizada no canal do Youtube do Diario de Pernambuco. João também concluiu que, com os dados que tinha naquele momento, entendia que era a melhor decisão a ser tomada. “Apostar em alguém que prometia combater a corrupção, uma agenda econômica, e ele acabou fazendo tudo ao contrário”, pontuou. Por estes motivos, João Amoêdo se considera “um forte opositor em relação ao governo Bolsonaro”.

Terceira Via
“É um processo lento, se a gente for lembrar o Lula para ser eleito presidente, concorreu durante 16 anos, na quarta eleição que ele veio ser eleito, então é um processo lento, de conscientização da sociedade. Eu acho que a realidade vai fazendo com que o Brasileiro cada vez se interesse mais por política, que é o que está acontecendo. Então eu ainda sou otimista para que a gente possa construir outras opções que não Bolsonaro e Lula para o 2022 (...) tem que ser um projeto que envolva pilares para a mudança no Brasil, que envolva formação de uma equipe, que envolva o esclarecimento da sociedade, o porquê de votar em um projeto diferente, e aí sim desembocando em um nome que possa liderar esse processo eleitoral. Caso haja outra via, ela desbancaria o Bolsonaro”

“Eu acho que o presidente eleito a gente não pode esquecer algumas coisas, primeiro ele tem que chegar com o cacife eleitoral elevado, ele vai ter lá seus 50, 60 milhões de votos, e segundo eu acredito sim que nós temos pessoas que estão sendo eleitas que tem desejos de mudança. Então a primeira coisa que um presidente deve fazer é colocar o ritmo de como serão feitas as coisas, então cabe ao presidente assim que for eleito ter uma conversa franca e sincera (...) eu sempre disse que o presidente eleito deveria ter uma reunião semanal com o congresso para dizer os planos. Eu acho que a transparência e a participação popular ajuda muito.”

“Eu acho que quem tiver no segundo turno contra o Bolsonaro terá chance enorme de ser eleito (...) Assumindo esse cenário com Lula candidato, acho que o mais provável é que essa outra via desbancaria o Bolsonaro e iria para o segundo turno com Lula. Esse me parece o cenário mais provável. Acho que a semifinal seria com o Bolsonaro e a final é que seria com o Lula.”

Possíveis nomes
“A gente tem cerca de 40% a 45% da população que diz que não gostaria de votar em Lula nem em Bolsonaro (...) então tem um espaço aberto de fato para essa primeira via, que prefiro chamar de primeira via em vez de terceira via, porque eu acho que essa deveria ser a nossa primeira opção. É difícil surgir com nomes muito novos e conseguir quebrar essa questão eleitoral, pois o Brasil é um país muito grande, muito complexo, as pessoas precisam ter algum nível de conhecimento, os eleitores precisam entender o que eles defendem. Então eu imagino que a probabilidade maior é que o nome saia de algum desses que estão sendo vinculados, que já estão presentes pelo menos no cenário político. Acho difícil que um nome totalmente ausente que teve fora do debate político nestes últimos meses ocupe esse espaço. De alguma forma alguém que já tem visibilidade e que está participando mais ativamente na vida política do país deve ser o nome que possa representar essa tentativa.”

Impeachment Bolsonaro
“A minha análise é muito objetiva sobre isso, as pré condições do ponto de vista jurídico já existem. O presidente cometeu crimes de responsabilidade, e volta e meia comete um novo crime de responsabilidade. Nós teremos agora o início da CPI da Covid, que o presidente está muito desconfortável, já houve uma tentativa de bloqueio dessa CPI, de várias formas pelos os apoiadores do governo, pelos membros do governo, mas não tiveram sucesso. Então vai sair muita coisa ruim dali, o próprio governo já fez uma listagem com cerca de 23 erros que eles cometeram (...) uma série de problemas que tão fazendo inúmeros brasileiros percam suas vidas. O desgoverno do presidente Bolsonaro, que não fez as reformas prometidas, que tratou muito mal a pandemia, que destruiu a questão do meio ambiente (...) no meu entender já seria necessário o processo de impeachment.”

STF
“A gente deve privilegiar a independência das instituições, então eu acho que o supremo em algumas vezes tem atuado em coisas que deveriam estar relacionadas ao congresso, mas por vezes isso também tem acontecido por falhas do congresso (...) eu acho que o supremo teve algumas atitudes positivas nesse processo, eu gostaria de citar pelo menos duas que foram contrárias a decisão do governo federal, que no meu entender ajudaram a salvar vidas. A primeira delas foi quando o supremo proibiu que o governo fizesse a campanha contra o isolamento social e a segunda foi quando o supremo deu autonomia para estados e municípios analisarem as suas realidades específicas e decretarem o melhor protocolo em relação à pandemia. Então eu acho que nesse sentido o supremo tem feito algumas coisas positivas.”

Liberalismo econômico

“A minha tese sempre é que a instituição privada tem um grande diferencial em relação ao governo, se a instituição privada prestar um serviço ruim, se um restaurante não atender bem o seu cliente, se a comida não for saborosa, o cliente não volta mais e o restaurante quebra, então essa motivação é que faz que o restaurante cuide bem do seu client, do seu produto e do seu serviço. Já na área pública isso não acontece, pois quando o serviço é mal atendido, o cliente não tem o que fazer. O que existe muito hoje é um direcionamento errado dos recursos do estado, que deixam de privilegiar o cidadão para privilegiar muitas vezes privilégios e benefícios para grandes grupos econômicos, para setores políticos, para determinada elite que se apropria desses privilégios, isso sim precisa mudar.”

SUS
“O SUS é muito importante, e se mostrou fundamental. A rede espalhada por todo Brasil, o processo não só de atendimento, como também o de vacinação é fundamental para o país hoje. Eu acho que sempre que a gente puder trazer práticas bem sucedidas na iniciativa privada, com gestões que foram bem sucedidas, elas devem ser bem vindas. Eu acho que a parceria pública e privada traz ganho dos dois lados, quando a gente consegue fazer essas duas uniões, o resultado é muito maior para o cidadão.”

Administração - Pandemia
“O roteiro adotado basicamente pelo governo federal foi contrário do que deveria ser feito, no primeiro momento se minimizou o problema, era só uma gripezinha, na sequência foi defendido que havia um tratamento precoce, que as pessoas que tinham um perfil de atleta não teriam nenhum problema, e a gente está vendo totalmente o contrário. Depois as aglomerações que deveriam ser evitadas, o presidente foi o primeiro a dar exemplos ruins na direção contrária, criticou o uso de máscara, e a gente constatou que ele agora teve pelo menos onze oportunidades de comprar as vacinas e não fez, e a gente desde o começo da pandemia, qualquer um de nós, qualquer pessoa leiga, que não era da área, sabíamos que isso só seria resolvido com a chegada da vacina (...) e o presidente teve chance de comprar as vacinas e não comprou, pelo contrário, ainda faz críticas a vacina. O roteiro foi totalmente equivocado, eu espero que a CPI comprove isso para que possa responsabilizar os culpados e evite esse tipo de situação em outras situações semelhantes.”

CPI
“Eu não tenho dúvidas que o relatório levantará pontos muitos sensíveis, e erros que custaram vidas durante a pandemia, pois nós todos acompanhamos isso ao longo desses mais de doze meses da pandemia, com várias situações comprovadas, entrevistas, ações (...) eu não tenho dúvida que isso acontecerá, a grande dúvida é se esse relatório final será utilizado para eventualmente avançar no processo de impeachment ou se a classe política utilizará para deixar o presidente mais enfraquecido e através disso ter privilégios, benefícios, emendas (...) a pergunta que temos que fazer é, se os resultados levarão benefícios aos brasileiros ou eles serão utilizados únicos e exclusivamente como moedas de trocas dentro dessa velha negociação política para privilegiar grupos específicos na troca de cargos. Então eu acho que temos que estar atentos e em alerta a isso.”