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Bolsonaro teria afirmado que iria se vacinar contra a Covid-19

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O presidente Bolsonaro (sem partido) parece disposto a tentar mudar sua imagem negacionista em relação à pandemia. Depois de começar a usar máscara em locais públicos, algo que ele não fazia, agora a nova notícia é que o presidente teria afirmado extraoficialmente às pessoas próximas que iria se vacinar contra a Covid-19.


O presidente estaria considerando fazer esse gesto público de tomar a vacina, no auge da pandemia no Brasil, que já ultrapassa 300 mil vítimas. Não se sabe que forças levaram a esta possível guinada, mas a corda no pescoço de Bolsonaro já não se esconde mais:  O posicionamento do presidente e as diversas mudanças de atitude têm feito um forte impacto em sua popularidade. Segundo a pesquisa da Folha de São Paulo, de janeiro para cá, o índice de popularidade de Bolsonaro desceu de 83,2 para 62,25. Seria esse o motivo para tão brusca mudança de comportamento? 


Talvez o presidente tenha decidido mudar suas falas quando o Datafolha divulgou uma pesquisa mostrando que apenas 9% dos entrevistados dizem não querer ser vacinados. Ou até mesmo outra pesquisa do mesmo órgão que mostra que 54% dos entrevistados reprovam o desempenho do presidente. Ou quem sabe o discurso de seu rival político, o ex-presidente Lula, agora elegível novamente, tenha causado um impacto na gestão de Bolsonaro. 

 

O próprio presidente já tinha afirmado publicamente que não iria tomar o imunizante. "Eu não vou tomar a vacina e ponto final. Se alguém acha que minha agenda está em risco, o problema é meu e ponto final", afirmou Bolsonaro, em dezembro de 2020. À medida que os estudos sobre as vacinas foram avançando, o presidente se negou a investir na vacina.


Entretanto, atualmente nas suas redes sociais é difícil encontrar uma postagem que não fale sobre a vacina, ou sobre seus esforços para trazer o imunizante aos brasileiros.



O presidente postou esta mensagem nesta semana, afirmando que desde março de 2020 busca uma vacina comprovadamente segura. Além do fato que nesta época ainda não existia nenhuma vacina disponível, registros comprovam a negligência de Bolsonaro em relação ao imunizante, chegando até a espalhar notícias falsas. “Lá no contrato da Pfizer, está bem claro que nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu”, afirmou em dezembro, quando o país chegava a marca de 185 mil mortes.


Em 2020, Bolsonaro chegou a negar diversas oportunidades de aquisição da vacina,vetando a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac em outubro de 2020. “Não compraremos a vacina da China", afirmou, na ocasião. Também no ano passado o governo dificultou o uso emergencial da vacina e em janeiro de 2021 negou a oferta da vacina Pfizer. “Pessoal diz que eu tenho que ir atrás [da vacina]. Não, não. Quem quer vender, se eu sou vendedor, eu quero apresentar", comentou em dezembro de 2020.


Além das barreiras impostas para o imunizante cientificamente comprovado, o presidente insistiu em investir no “tratamento precoce”, um kit com remédios sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como a azitromicina, ivermectina e etc, que podem ter diversos efeitos colaterais ruins, se usados para doenças fora de sua bula original e sem indicação médica. “Os relatos são que em poucas horas uma pessoa que receba a nebulização da hidroxicloroquina se sentiria aliviada e partiria para cura”, afirmou em live, no dia 11 de fevereiro.


Recentemente, pouco depois de Lula afirmar em seu discurso que o melhor caminho seria um comitê de combate à Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro seguiu a dica de seu colega e de fato criou a comissão, um ano após o vírus explodir no país.


Apesar da criação da organização, o presidente não abriu mão do “tratamento precoce”. “Da nossa parte, (teremos) um comitê que se reunirá toda semana com autoridades para decidirmos ou redirecionarmos o rumo do combate ao coronavírus, a unanimidade da intenção de nós, cada vez mais, nos dedicarmos à vacinação em massa do Brasil. Tratamos também da possibilidade de tratamento precoce”, afirmou, no dia 25 deste mês.




Algumas declarações do presidente sobre a vacina:


“Não compraremos a vacina da China"- 21 de outubro de 2020


"Houve uma distorção por parte do João Doria no tocante ao que ele falou. Ele tem um protocolo de intenções, já mandei cancelar se ele [Pazuello] assinou. Já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós"- 21 de outubro de 2020


"Eu digo pra vocês: eu não vou tomar. É um direito meu"-26 de novembro de 2020


"Eu não vou tomar a vacina e ponto final. Se alguém acha que minha agenda está em risco, o problema é meu e ponto final"- 15 de dezembro de 2020:


“O Brasil tem 210 milhões de habitantes, um mercado consumidor de qualquer coisa enorme. Os laboratórios não tinham que estar interessados em vender para gente? Por que eles, então, não apresentam documentação na Anvisa? Pessoal diz que eu tenho que ir atrás. Não, não. Quem quer vender, se eu sou vendedor, eu quero apresentar"- 28 de dezembro de 2020


"Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, [dizendo] 'vai comprar vacina'. Só se for na casa da tua mãe. Não tem [vacina] para vender no mundo"- 4 de março de 2021