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Direitos da mulher e equidade na política são reivindicações da bancada feminina
Em 1947, a Câmara Municipal do Recife vivia um de seus episódios mais marcantes: a posse de Júlia Santiago, primeira vereadora da cidade. Hoje, sete décadas após a eleição do primeiro nome feminino, os/as recifenses vivenciam mais um episódio histórico na cena política da capital pernambucana: a 18ª legislatura (2021-2024) iniciou suas atividades com a maior bancada feminina da história da Casa de José Mariano. Elas são sete dos/as 39 parlamentares eleitos/as. Direitos das mulheres e equidade de gênero aparecem como demandas convergentes.
Formada por progressistas, conservadoras, aliadas e oposição ao governo, a bancada feminina da Câmara Municipal do Recife é composta pelas vereadoras Ana Lúcia (Republicanos), Andreza Romero (PP), Cida Pedrosa (PCdoB), Michele Collins (PP), Natália de Menudo (PSB) - que integram a base governista -, Dani Portela (PSOL) e Liana Cirne (PT) - que fazem parte da oposição.
Em comparação à 17ª legislatura (2017-2020), onde as mulheres ocupavam seis (15,4%) das 39 cadeiras parlamentares, a legislatura atual teve um aumento de 2,5% na representatividade feminina, ou seja, a partir deste ano a Casa de José Mariano conta com sete vereadoras (17,9%). Um avanço que merece ser comemorado, mas que ainda confirma o cenário de sub-representação das mulheres nos espaços de poder.
As vereadoras que hoje representam a população do Recife na Câmara Municipal fazem coro na luta por uma sociedade que garanta o bem viver das mulheres, bem como a equidade de gênero na política. “Temos divergências ideológicas entre nós, mas temos em comum a vivência de sermos mulheres em uma sociedade que nos mata e nos violenta todos os dias”, assinalou a vereadora Liana Cirne em seu primeiro discurso na Casa.
Em busca de conquistas emancipatórias para as mulheres, a ampliação de vagas em creches, combate à violência, acesso à água, saúde, educação, moradia e renda aparecem como pautas convergente entre as vereadoras e que serão debatidas ao longo de seus mandatos, com o intuito de que as recifenses “façam aquilo que queiram fazer, que é estudar, trabalhar, protagonizar suas próprias histórias”, comentou a parlamentar Ana Lúcia, 2ª vice-presidente da Comissão Executiva da Câmara, assim como a vereadora Natália de Menudo, que integra a Mesa Diretora como 2ª secretária.
“É um avanço para nós. Já conversei um pouco com algumas das vereadoras e a gente tem mostrado que, independente de oposição, quando a pauta for mulheres vamos estar unidas”, assegurou Natália.
“A gente precisa focar muito mais no que une, do que no que aparta”, avaliou Dani Portela, que também destaca a pauta racial como uma das principais bandeiras da sua mandata, que já apresentou como proposta a criação da primeira Comissão Permanente de Igualdade Racial na Câmara Municipal do Recife. Junto com Andreza Romero, Dani protagonizou um movimento de mudança no cenário político recifense. As duas parlamentares foram as mais votadas da capital nas eleições municipais do ano passado.
“É um marco histórico na cidade, isso significa uma mudança no pensamento do eleitor.
Mas ainda é pouco, porque em um universo de 39 parlamentares temos apenas sete mulheres”, analisou Andreza Romero. “O meu mandato e o das minhas colegas de Casa têm a missão de lutar por mais direitos, mais espaços”, completou. Posicionamento que dialoga com o da vereadora Cida Pedrosa. “A gente tem certeza que estar juntas nesse momento histórico é uma grande oportunidade para somar na luta com as mulheres do Recife”.
Comissão
Instalada na última legislatura, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher será ferramenta fundamental para fortalecer e colocar em prática o debate sobre políticas públicas para as mulheres, como avalia a vereadora Michele Collins, um dos principais nomes evangélicos da Casa. De acordo com ela, a comissão influenciará o fortalecimento de um trabalho coletivo. “Na comissão fazemos questão que todas as vereadoras façam parte. Trabalhamos com muita unidade, foi assim na última legislatura e tenho certeza que continuará sendo assim. Vamos avançar cada vez mais nas políticas públicas para as mulheres”, declarou.
Vereadora mais antiga da Casa, Michele afirma que os anos na Câmara Municipal confirmaram a necessidade de mais mulheres pensando e fazendo política. “Sou veterana da Casa, então sei como é difícil e ao mesmo tempo importante uma mulher pensando a cidade no parlamento”. O que para Ana Lúcia significa possibilitar a chegada de mais vereadoras. “Uma mulher quando está no espaço de poder precisa viabilizar que outras estejam”, finalizou.