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Regina Duarte minimiza mortes e violência na ditadura militar: 'sempre houve tortura'

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Foto: Agência Brasil
Regina Duarte está à frente da Secretaria Especial da Cultura há dois meses
Um dia após completar dois meses à frente da Secretaria Especial da Cultura, a atriz Regina Duarte deu uma entrevista para a CNN Brasil, onde comentou sobre a sua permanência no cargo, que vinha sendo posto à prova ao longo da semana. A secretária chegou a declarar, na última terça-feira (5), que estaria sendo "dispensada" do governo pelo presidente Jair Bolsonaro, conforme gravação de áudio divulgada pela revista Crusoé. Nessa quarta-feira (6), o nome do ator Mário Frias, que atuou na novela Malhação nos anos 1990, chegou a ser cotado para assumir a secretaria no lugar de Regina. 

As declarações de Regina durante a entrevista à CNN nesta quinta-feira (7), levaram o nome da atriz a ocupar os assuntos mais comentados do Brasil no Twitter. A repercusão não foi boa: comentaritas e jornalistas políticos avaliaram as falas da secretária como uma forma de minimizar as torturas e mortes no período da ditadura militar no país (1964-1985), alinhando-se à cartilha Bolsonarista. A atriz chegou a dizer que "sempre houve tortura", justificando a violência do regime ditatorial. 

Tudo começou quando o entrevistador, Daniel Adjuto, questionou Regina sobre a falta de manifestação da secretaria sobre as mortes de grandes nomes da cultura brasileira, como os escritores Rubem Fonseca e Garcia-Roza; os músicos Moraes Moreira e Aldir Blanc; e o ator Flávio Migliaccio. "Eu imaginei assim: será que eu vou ter que virar um obituário?", respondeu a atriz. 

Em outro momento da entrevista, Regina manifestou seu apoio ao presidente Bolsonaro, a quem classificou como "melhor opção para o país". "'Ah, mas ele fez isso e aquilo'". Eu não quero ficar olhando para trás, senão eu vou dar trombada e cair no precipício. Ficar cobrando coisas que aconteceram nos anos 60, 70, 80. Vamos embora, para frente, Brasil, salve a seleção", disse cantarolando o hino da Copa de 1970, época de ufanismo da ditadura militar. 

Questionada sobre as mortes durante o período da ditadura, Regina respondeu: "A humanidade não para de morrer. Se você fala em vida, tem morte. Stalin, quantas mortes? Hitler, quantas mortes? Não quero arrastar um cemitério de mortos nas minhas costas. Não desejo isso para ninguém. Sou leve, viva, estamos vivos, vamos ficar vivos", afirmou. 

A entrevista chegou a ser encerrada antes do tempo previsto apó Regina retirar os fones do ouvido para não escutar as críticas da atriz Maitê Proença sobre a sua atuação na pasta. "Não quero ouvir isso. Vocês estão desenterrando mortos", disse a secretária finalizando sua participação no programa.