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Escalada do conflito entre a Índia e o Paquistão

O governo indiano acusou o Paquistão de uma nova onda de ataques noturnos no seu território


Nesta sexta-feira (9), o governo indiano acusou o Paquistão de uma nova onda de ataques noturnos no seu território. O chanceler da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, já disse anteriormente que não era intenção de Nova Deli provocar uma nova escalada. No entanto, prometeu uma resposta muito firme em caso de novo ataque.

“Múltiplos ataques de drones e fogo paquistanês durante a noite ao longo de toda a fronteira. Os ataques com drones foram repelidos e respondidos de modo adequado”, comunicou hoje o exército da Índia.

Islamabad também denunciou o registrou de mais 37 mortes e nega ter atacado o território indiano. O ministro da Comunicação do Paquistão, Attaullah Tarar, afirmou que a declaração do exército indiano era infundada e enganadora e que Islamabad não tinha empreendido ações ofensivas visando áreas dentro da Caxemira indiana ou para além da fronteira do país. Tarar acusou ainda a mídia indiana de divulgar desinformação. “Tudo o que fizemos até agora foi nos defendermos”, garantiu.

Já as autoridades da Caxemira paquistanesa disseram que um houve intenso bombardeio do outro lado da fronteira que matou cinco civis, incluindo uma criança, e feriu 29 na madrugada desta sexta-feira. “O exército paquistanês levou a cabo um forte contra-ataque e atingiu três postos indianos ao longo da Linha de Controle, a fronteira de fato entre os dois países”, diz a nota da instituição.

Segundo Nova Deli, o último balanço do número de mortos no país foi de 16 civis. Além disso, as escolas foram fechadas em toda a Caxemira indiana, assim como na cidade de Rajasthan e em Punjab, onde aconteceu o atentado que matou 26 civis e deflagrou o conflito atual. E, ainda mais de 20 aeroportos no noroeste da Índia foram encerrados por razões de segurança.

No Paquistão, as escolas da Caxemira paquistanesa e também em Islamabad foram fechadas e só devem reabrir na segunda-feira.

As duas potências nucleares trocam acusações e estão em confronto direto desde que a Índia atacou vários locais no Paquistão na última quarta-feira, alegando que são zonas  terroristas, em retaliação pelo ataque mortal a turistas na Caxemira indiana no mês passado.

Na quinta-feira à noite, a parte indiana de Caxemira, sobre a qual os dois países reivindicam plena soberania desde a sua divisão em 1947, foi abalada por numerosas explosões. Nova Deli atribuiu imediatamente as explosões a uma série de ataques de drones e mísseis paquistaneses contra instalações militares. “Não há vítimas. A ameaça foi neutralizada”, declarou o Ministério indiano da Defesa.

No início do dia, Lahore, a principal cidade paquistanesa na fronteira com a Índia, também sofreu ofensivas. Por sua vez, o governo indiano confirmou que havia ‘neutralizado’ as defesas aéreas instaladas na região em resposta ao ataque noturno de mísseis e drones paquistaneses que visavam alvos militares.

Em contrapartida, o exército do Paquistão informou ontem que abateu  29 drones enviados pela Índia sobre nove cidades, algumas delas com quartéis-generais militares ou com departamentos dos serviços secretos, como Rawalpindi. O ministro das Relações Exteriores paquistanês, Ishaq Dar, declarou que drones tentaram atacar instalações militares e visaram civis, matando um e ferindo quatro soldados.

O centro de investigação International Crisis Group (ICG) alertou para o risco de escalada devido à retórica belicosa, à agitação interna e à lógica de superioridade dos dois vizinhos. O ICG manifestou estar preocupado com o fato de os dois países parecerem bastante indiferentes à possibilidade de duas potências nucleares, com uma longa história de conflitos, poderem entrar em guerra.

Apelos da comunidade internacional à contenção

Os Estados Unidos, a China, a Arábia Saudita entre tantas outras nações instaram os dois países a acalmar as tensões. O vice-presidente norte-americano, JD Vance, reiterou mais uma vez o apelo à desescalada. “Não podemos controlar esses países”, afirmou em entrevista ao canal Fox News. 

O ministro saudita das Relações Exteriores, Adel Al-Jubeir, também deverá visitar o Paquistão hoje. O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Muhammad Asif, acrescentou que Islamabad está conversando diariamente com a Arábia Saudita, o Catar e a China sobre o desanuviamento da crise.

Na quinta-feira, a Índia ainda ordenou à rede social X que bloqueasse mais de oito mil contas, incluindo as de meios de comunicação social internacionais. A rede social disse ter cumprido a ordem com relutância, denunciando a “censura”. Nova Deli já tinha exigido que várias contas de políticos, celebridades e meios de comunicação social paquistaneses fossem proibidas na Índia.

A relação entre a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria islâmica, tem sido marcada por tensões desde que se tornaram países separados após a independência do domínio colonial britânico em 1947. A Caxemira, de maioria muçulmana, tem estado no centro da hostilidade e duas das suas três guerras foram travadas na disputada região.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco