Após 40 anos, líder do grupo curdo propõe depor as armas contra a Turquia
A proposta de paz poderá finalizar um conflito que já dura há mais de quatro décadas e que custou milhares de vidas

O O líder do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Öcalan, apelou hoje aos membros do grupo curdo, que é proibido na Turquia e considerado terrorista, que deponham as armas e dissolvam definitivamente a organização. A proposta de paz poderá finalizar um conflito que já dura há mais de quatro décadas e que custou milhares de vidas.
O dirigente do Partido Popular da Liberdade e Democracia (DEM), pró-curdo, em Istambul, leu a declaração de Öcalan, que se encontra preso. “O grupo terminou a sua vida, tal como os seus homólogos, e que é necessária a sua dissolução”, diz a carta.
“Ao longo de uma história com mais de mil anos, turcos e curdos sempre consideraram necessário manter uma aliança, com um aspecto predominantemente voluntário, para manter a sua existência e sobreviver contra as potências hegemônicas. Neste clima criado pelo apelo feito por Devlet Bahçeli, líder do Partido do Movimento Nacionalista, pela vontade demonstrada pelo presidente turco Recep Tayyip Erdo%u011Fan e pelas abordagens positivas de outros partidos políticos em relação ao apelo conhecido, apelo ao depor das armas e assumo a responsabilidade histórica deste apelo”, relata o documento do chefe do PKK.
Além disso, altos funcionários do DEM se encontraram ainda nesta quinta-feira com Öcalan, para os esforços de paz entre o governo de Ancara e o grupo curdo.
Öcalan, de 75 anos, está preso na ilha de Imrali, em Istambul, desde 1999, depois de ter sido condenado por traição. Mas, apesar da sua detenção, continua a exercer uma influência expressiva sobre o PKK. Por isso, é esperado que os líderes do grupo atendam a qualquer apelo de Öcalan, embora algumas facções do grupo possam resistir, de acordo com os analistas.
Fundado por Öcalan em 1978, o PKK lidera desde então uma insurreição no sudeste da Turquia desde 1984. O grupo é considerado uma organização terrorista pela Turquia e também pelos seus aliados ocidentais. Os anteriores esforços de paz com o PKK fracassaram, sendo que o mais recente foi em 2015.