O advogado ambiental Robert F. Kennedy Jr., sobrinho do ex-presidente JFK e filho do ex-senador Robert Kennedy, também conhecido pelas suas polêmicas posições antivacinas, foi aprovado e confirmado como secretário da Saúde dos Estados Unidos durante sua audiência no Senado norte-americano, de maioria republicana.
No entanto, diversos senadores democratas manifestaram graves preocupações com o recuo nos direitos das mulheres, proteção na saúde e ambiguidades sobre o programa de vacinação com a nomeação de Robert Kennedy Jr pela administração de Donald Trump.
Na abertura, antes da audiência, o senador democrata Ron Wyden acusou Trump de abraçar teorias da conspiração e charlatães, especialmente quando se trata da segurança e eficácia das vacinas. “Fez disso o trabalho de uma vida para semear dúvidas e desencorajar os pais de optarem pelas que salvam as vidas dos seus filhos”, afirmou Wyden.
Confrontado com estas acusações, Kennedy Jr. procurou assegurar ao comitê do Senado que não é contra as vacinas, destacando que os seus filhos eram vacinados. “Acredito que as vacinas desempenham um papel fundamental na saúde. Todos os meus filhos estão vacinados”, disse Kennedy, que compareceu à audiência com a mulher e alguns dos seus filhos.
Kennedy é avaliado como uma escolha controversa pelos posicionamentos no passado nas questões de saúde e cuidados médicos e por ser adepto das teorias da conspiração contra uma medicina cientifica e fundamental para a vida.
Questionado também pelo senador republicano James Lankford sobre a decisão de Trump de retirar apoios para exames de câncer de mama e teste de HIV a Estados que não vetem as políticas pró-aborto, Kennedy respondeu que fará tudo para implementar as ideias de Trump. “Concordo com o presidente Trump que qualquer aborto é uma tragédia”, acrescentou.
Kennedy Jr. disse que Trump lhe pediu ainda para reavaliar a segurança da pílula abortiva mifepristone, o que fará, questionando a FDA, agência que controla os medicamentos nos EUA. “O presidente Trump me pediu para estudar a segurança da mifepristone. Ele ainda não definiu a sua posição e como regulamentá-la. O que quer que o presidente faça, vou implementar essas políticas”, assegurou.
A mifepristone, que combinada com outra pílula, é usada na maioria das interrupções voluntárias de gravidez nos EUA e por todo o mundo.
Outro tema abordado foi o Medicaid, sistema que protege milhões de americanos com baixos recursos na área da saúde. O Medicaid, que sofreu o feroz ataque de Trump durante o seu primeiro mandato, é um plano essencial para famílias que não têm situação ou recursos que lhes permitam ter um seguro de saúde num país que não contempla o direito universal à saúde.
Com uma resposta evasiva Kennedy negou ser contra o Medicaid, alegando que o que pretende, pelo que lhe foi pedido pelo presidente Trump, é somente rever e melhorar o processo.
Filha de JFK disse que primo é inapto para a Saúde
A única filha de John F. Kennedy, Caroline Kennedy, pediu aos senadores, numa carta divulgada na terça-feira (28), para que recusassem a confirmação do seu primo, Robert F. Kennedy Jr. para o cargo de secretário da Saúde, que considerou inapto.
Caroline, que em geral se recusa a falar publicamente sobre membros da família, contou que sentiu a necessidade de se pronunciar sobre o primo por tê-lo observado a levar vários membros da sua família pelo caminho da tóxico dependência. “A sua garagem e o seu quarto eram os centros da ação, onde havia drogas e ele gostava de mostrar como colocava pintos e ratos num liquidificador para alimentar os seus falcões", relatou, se referindo à natureza predadora do primo.
“'Bobby é viciado em atenção e poder, deu conselhos hipócritas para dissuadir pais de vacinarem os seus filhos, quando ele próprio o fez. Suas posições contra a vacinação serviram apenas para que ele enriquecesse”, acusou a filha de JFK.
Caroline Kennedy diz que evita usar a figura do pai, mas argumentou que ele e alguns dos tios que deram a vida pelo serviço público ficariam enojados com as posições defendidas pelo primo. “A saúde dos EUA e os cidadãos merece mais que Bobby Kennedy", considerou.
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