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Catar: como é o sistema de tutelagem masculina sobre as mulheres
A Copa do Mundo é sempre uma oportunidade para reunir as diferentes culturas do mundo em um só lugar. Em Doha não é diferente. Os visitantes e os moradores locais convivem, às vezes com certo espanto, no “inverno” de 30°C do Catar.
Os catarianos vivem sob todo um espectro de interpretações dos ensinamentos e princípios islâmicos e o “papel” da mulher se encontra bem no meio dessas várias narrações. Uma caminhada pela capital e já é possível perceber essas diferenças, umas andam completamente cobertas, da cabeça aos pés, outras utilizam apenas o hijab. No entanto, as diferenças não estão presentes apenas na vestimenta, a questão do limiar entre as diferenças culturais e os direitos humanos também entram em jogo novamente.
Muitos não sabem, mas no Catar existe um “sistema” conhecido como guarda masculina de mulheres, que segundo o relatório da ONG Human Rights Watch (HRW) feito em 2019, seria "uma mistura de leis, políticas e práticas em que as mulheres adultas devem obter permissão de seu responsável masculino para atividades específicas". O guardião poderia ser então o marido, o primo, o irmão, o tio ou o padrinho.
No entanto, essa tutela não faz parte de uma lei em si, se configura mais em normas familiares e sua aplicação depende de quão conservadora é a família. Muitas mulheres e famílias liberais não aplicam essa conduta e, portanto, podem fazer muitas coisas, já outras precisam de autorização e tudo depende das escolhas da família.
Portanto, mesmo que haja famílias extremamente conservadoras em que esse sistema se aplica de forma rigorosa, há outras que o questionam. A verdade é que existe uma imensa diferença de pensamentos e ideias para serem aplicados no dia a dia.
Há muitas questões culturais e ideológicas que adentram essa questão, e ainda existe um imenso abismo entre os direitos dos homens e das mulheres. No entanto, o que poucos sabem é que essa busca por uma maior igualdade existe de forma ativa na sociedade do Catar.
As mulheres, em sua maioria, estão matriculadas em programas universitários e algumas também ocupam papéis de destaque na sociedade, inclusive na política como a Dra. Hanan Mohammed Al Kuwari, ministra da saúde pública que atuou na linha de frente ao combate a Covid-19 no país.
*Contém informações da BBC