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Ex-prefeito italiano é condenado à prisão por acolher imigrantes
Líder na Itália por sua política a favor da migração, o agora ex-prefeito da localidade calabresa de Riace Domenico Lucano foi condenado a 13 anos e dois meses de prisão por "irregularidades" na gestão da acolhida destes estrangeiros - informaram fontes judiciais nesta quinta-feira (30).
Pronunciada em primeiro grau, a dura sentença gerou indignação entre lideranças políticas que apreciam o modelo de tolerância e inclusão promovido por Lucano durante sua gestão, de 2004 a 2018.
O tribunal de Locri, na Calábria, sul da Itália, decretou o dobro da pena em relação à solicitada pelo Ministério Público, que o considerou culpado, entre outras acusações, de abuso de poder, malversação e cumplicidade na imigração em situação ilegal.
"Não tenho palavras. Não esperava", disse o ex-prefeito à imprensa, ainda surpreso.
"Isso é muito duro. Acredito que nem os crimes da máfia sejam punidos com penas tão severas", acrescentou, incrédulo.
Lucano, de esquerda, adotou um modelo original de acolhida dos imigrantes para repovoar esta cidade calabresa, então com apenas 1.800 habitantes - idosos, em sua maioria.
Premiado em 2010 como o terceiro "melhor prefeito do mundo", Lucano apareceu, em 2016, como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista Fortune. Inspirou um documentário de Wim Wenders e um filme para a televisão.
"Leremos a decisão com muita atenção (...) Nos parece exagerada sob qualquer ponto de vista", lamentaram Nicola Oddati e Marco Furfaro, da direção nacional do Partido Democrata (PD, centro-esquerda).
Os advogados de defesa, Giuliano Pisapia e Andrea Dacqua, anunciaram que vão recorrer desta sentença "espantosa", que "não leva em conta as provas apresentadas".