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Autoridades se esforçam para prolongar trégua entre Israel e Hamas

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Autoridades internacionais trabalham em conjunto por um período de paz mais extenso entre Israel e Hamas. O Conselho de Segurança da ONU pediu ontem uma “adesão plena” ao cessar-fogo — a primeira declaração unânime do grupo feita desde o início do conflito, no último dia 10. Fontes do governo americano informam sobre uma possível visita do secretário de Estado dos EUA à região, como tentativa de favorecer o diálogo. Enquanto isso, a recuperação na zona de guerra é feita aos poucos, priorizando também medidas de segurança contra a Covid-19.

“Os membros do Conselho de Segurança saudaram o anúncio de um cessar-fogo a partir de 21 de maio e reconheceram o papel importante do Egito e de outros países daquela região”, assinala o texto divulgado pelas Nações Unidas. O documento foi aprovado pelos Estados Unidos após a eliminação de um parágrafo que condenava a violência. O governo americano já havia rejeitado três declarações, além de um projeto de resolução francês que exigia o “fim imediato das hostilidades” e pedia “a entrega e a distribuição, sem obstáculos, de ajuda humanitária” em Gaza.

Proposto por China, Noruega e Tunísia, o texto divulgado pelo Conselho de Segurança pede o respeito absoluto ao cessar-fogo e assinala que os países-membros “lamentam as perdas civis causadas pela violência”. O grupo de líderes também destacou “a necessidade imediata de assistência humanitária à população palestina, principalmente em Gaza” e apoiou “o chamado do secretário-geral da ONU à comunidade internacional para reconstruir” o enclave palestino.

Os membros do conselho devem voltar a discutir o conflito na próxima quinta-feira, na reunião pública mensal sobre o tema, programada antes do início do último conflito. Também ontem, segundo a rede de notícias Al Jazeera, uma fonte familiarizada com o governo americano informou que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, deve visitar Israel e Cisjordânia nesta semana, na esperança de ampliar o cessar-fogo.

O Egito também se dedica a manter o clima de paz entre israelenses e palestinos. O país enviou duas delegações para Gaza e Israel na última sexta-feira. A comitiva tem como objetivo “supervisionar” o cumprimento da trégua, informou a imprensa estatal do país. Ontem, um dos grupos se encontrou com o presidente palestino Mahmoud Abbas na cidade de Ramallah, segundo a Agência France-Presse (AFP) de notícias.

Pandemia

Enquanto os líderes políticos buscam fortalecer o cessar-fogo, a região de Gaza parece mais tranquila. Equipes de resgate passaram o dia de ontem procurando sobreviventes entre os escombros, depois de retirarem, na sexta-feira, cinco corpos e uma dúzia de sobreviventes de túneis subterrâneos bombardeados pelo exército israelense. Está previsto para hoje o retorno dos funcionários públicos da região ao trabalho, segundo o governo local, controlado pelo Hamas.

Grupos de auxílio aos moradores de Gaza têm auxiliado o retorno à normalidade e se mostrado preocupados principalmente com a saúde da população e a disseminação do novo coronavírus. “Durante a crise da Covid-19, já era ruim o suficiente aqui. Houve um grande aumento de casos logo antes da escalada e, agora, as pessoas estão se abrigando juntas”, declarou Lynn Hastings, coordenadora Humanitária das Nações Unidas para os Territórios Palestinos da Cidade de Gaza, que está na região.

Segundo Hastings, o programa internacional de vacinas Covax, supervisionado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras instituições, planeja entregar um carregamento de doses da vacina contra o coronavírus para Gaza em poucos dias. O único laboratório que realizava testes de Covid-19 em Gaza não funciona mais desde os primeiros bombardeios na região, informou a Organização de Libertação pela Palestina (OLP).

De acordo com a OMS, 103 mil pessoas foram diagnosticadas com a doença na Faixa de Gaza, antes do início dos conflitos. A pandemia já provocou a morte de 930 pessoas na região. Hastings conta que, no momento, está sendo priorizado o envio de equipamentos, suprimentos médicos e kits de higiene para ajudar os residentes a lidar com o colapso gerado pelo conflito.