A Justiça Eleitoral proibiu que a imprensa local divulgasse os números das sondagens, mas os veículos de mídia podiam dizer quem estava na frente. E, segundo canais de televisão argentina, Fernández venceu em primeiro turno.
Logo após o encerramento da votação, às 18h10, o ministro do Interior, Rogelio Frigerio, com rosto aparentemente abatido, pediu calma à população, dizendo que era necessário esperar os primeiros dados oficiais, que devem ser divulgados a partir das 21h, com cerca de 10% da apuração rápida contabilizada. Frigelio afirmou que, por conta de denúncias de irregularidades em algumas mesas, era possível que alguns votos fossem impugnados.
Em outro colégio, no bairro da Recoleta, havia um grupo de mulheres esperando que outra amiga fosse votar. "Estamos votando juntas e torcendo por uma vitória do presidente. Daqui vamos almoçar e mais tarde iremos para o 'bunker', temos certeza de que houve fraude nas primárias e de que hoje iremos celebrar."
Alguns ciclistas andavam pelas ciclovias com cartazes feitos à mão e colados no banco com pequenas mensagens. "Tchau Macri" foi a mais vista, mas também havia "Cristina, não volte mais" e "Cristina e Alberto são iguais".
Nas redes sociais e nos jornais locais, ficou famoso o cidadão que, vestido do personagem "Coringa" ("Guasón" em espanhol), foi votar dando gargalhadas num centro de votação em Lanús.
Durante o dia, o governo fez uma série de denúncias de irregularidades à autoridade eleitoral. "Vemos que nem sempre os presidentes das mesas são neutros e isso se compensa tendo um fiscal. Nosso sistema eleitoral é obsoleto e requer um exército de gente", disse o ministro de Transporte, Guillermo Dietrich, que espalhou fiscais da aliança governista "Juntos por el Cambio".
Em duas redes sociais, publicou: "Estão chegando dezenas de denúncias de nossos fiscais na Província de Buenos Aires, de Merlo, La Matanza, Pilar e Almirante Brown, de eleitores que aparecem com DNI [cédulas de identidade] anteriores ou diferentes ao que está no padrão".
Os principais candidatos argentinos votaram pela manhã neste domingo. Assim como nas eleições primárias, Fernández, favorito nas pesquisas para vencer no primeiro turno, primeiro saiu para passear com seu cachorro, Dylan, e depois, se dirigiu ao centro de votação perto de sua casa, em Puerto Madero, para votar.
Na saída, disse que "a situação econômica era muito preocupante e todos devemos nos preocupar". Afirmou ainda estar tranquilo e comentou, a pedido de jornalistas, como foi o encontro com o músico Gustavo Santaolalla, no sábado (26), vencedor do Oscar pelas trilhas sonoras de "Brokeback Mountain" (2005) e "Babel" (2006).
Já Macri votou em Palermo. Também seguindo a tradição, levou uma bandeja com medialunas, espécie de croissant argentino, para distribuir para os jornalistas.
Macri também afirmou estar "ansioso, como todos os argentinos", mas que era preciso esperar os resultados provisórios. "Se a brecha for muito apertada, além dos resultados provisórios, vamos ter de ter paciência para esperar a contagem final", afirmou.
A candidata a vice-presidente na chapa de Fernández, a ex-mandatária Cristina Kirchner, votou cedo em Río Gallegos, na Província de Santa Cruz, onde vive. Esquivou-se das perguntas dos jornalistas, mas com bom humor. "Vocês sabem que o jornalismo não é o meu forte", disse. Cristina iria também almoçar em família e voaria às 18h para Buenos Aires, para se juntar a Alberto Fernández no "bunker" de campanha do peronismo.
Segundo as sondagens de boca-de-urna dos partidos, o kirchnerismo também teria ganho o governo da cidade de Buenos Aires, que tem status de província, com o ex-ministro da economia Axel Kicillof. Já para a prefeitura de Buenos Aires, teria sido reeleito o macrista Jorge Larreta.