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Eleições

Imprensa argentina aponta vitória de Alberto Fernández em 1º turno

Por: FolhaPress

Publicado em: 27/10/2019 21:31

Alberto Fernández. (Foto: Alejandro Pagni/AFP)
Alberto Fernández. (Foto: Alejandro Pagni/AFP)
Pesquisas de boca de urna encomendadas por partidos políticos sugeriam, no final da tarde deste domingo (27), vitória para o candidato kirchnerista Alberto Fernández, 60, contra o atual presidente, Mauricio Macri, 60, nas eleições presidenciais da Argentina. Até na pesquisa da legenda do atual mandatário, encerrada às 14h, Fernández vencia com 51% dos votos, enquanto Macri tinha 34% do total.

A Justiça Eleitoral proibiu que a imprensa local divulgasse os números das sondagens, mas os veículos de mídia podiam dizer quem estava na frente. E, segundo canais de televisão argentina, Fernández venceu em primeiro turno.

Logo após o encerramento da votação, às 18h10, o ministro do Interior, Rogelio Frigerio, com rosto aparentemente abatido, pediu calma à população, dizendo que era necessário esperar os primeiros dados oficiais, que devem ser divulgados a partir das 21h, com cerca de 10% da apuração rápida contabilizada. Frigelio afirmou que, por conta de denúncias de irregularidades em algumas mesas, era possível que alguns votos fossem impugnados.

Pela manhã, o chefe de gabinete do governo, Marcos Peña, disse em um café com jornalistas que, caso a diferença fosse muito curta, seria necessário esperar até a contagem definitiva voto a voto, que sairá em alguns dias. No fim do dia, já no "bunker" de Macri, Peña voltou a pedir paciência até que a Justiça Eleitoral divulgasse todos os dados, "porque é preciso defender a democracia e a transparência, pois estamos seguros de que ainda é possível ir ao segundo turno".

Às 18h15, Fernández surgiu no portão de seu prédio, no bairro de Puerto Madero, com os olhos marejados, disse "obrigado a todos, vocês sabem que não posso falar nada ainda, mas agradeço a todos, gosto muito de todos vocês". E se despediu: "Até mais tarde". Ele estava acompanhado da mulher, Fabíola Yañez.

O candidato kirchnerista publicou uma foto em seu Twitter em que faz a letra L com as mãos, e alusão ao movimento "Lula Livre", e parabenizou o ex-presidente brasileiro pelo aniversário de 74 anos completados neste domingo. "Também hoje faz aniversário meu amigo Lula, um homem extraordinário que está injustamente preso faz um ano e meio", escreveu Fernández. "Parabéns pra você, querido Lula. Espero te ver em breve."

O domingo foi de sol e movimento tranquilo na cidade. Tirando as filas nos centros de votação, não houve agitação pelo menos até as 17h, quando alguns carros passaram a tocar buzinas e acenar com bandeiras da Argentina nas avenidas. Era comum ouvir o canto "vamos a volver" (vamos voltar), dos peronistas.

Em um centro de votação no bairro de Colegiales, uma senhor de 84 anos era amparado pelo filho para votar. "Eu sei que não preciso votar [na Argentina, a partir dos 70 é facultativo], mas se é para tirar Macri, achei que valeria a pena vir, pedi para me trazerem."

Em outro colégio, no bairro da Recoleta, havia um grupo de mulheres esperando que outra amiga fosse votar. "Estamos votando juntas e torcendo por uma vitória do presidente. Daqui vamos almoçar e mais tarde iremos para o 'bunker', temos certeza de que houve fraude nas primárias e de que hoje iremos celebrar."

Alguns ciclistas andavam pelas ciclovias com cartazes feitos à mão e colados no banco com pequenas mensagens. "Tchau Macri" foi a mais vista, mas também havia "Cristina, não volte mais" e "Cristina e Alberto são iguais".

Nas redes sociais e nos jornais locais, ficou famoso o cidadão que, vestido do personagem "Coringa" ("Guasón" em espanhol), foi votar dando gargalhadas num centro de votação em Lanús.

Durante o dia, o governo fez uma série de denúncias de irregularidades à autoridade eleitoral. "Vemos que nem sempre os presidentes das mesas são neutros e isso se compensa tendo um fiscal. Nosso sistema eleitoral é obsoleto e requer um exército de gente", disse o ministro de Transporte, Guillermo Dietrich, que espalhou fiscais da aliança governista "Juntos por el Cambio".

Em duas redes sociais, publicou: "Estão chegando dezenas de denúncias de nossos fiscais na Província de Buenos Aires, de Merlo, La Matanza, Pilar e Almirante Brown, de eleitores que aparecem com DNI [cédulas de identidade] anteriores ou diferentes ao que está no padrão".

Os principais candidatos argentinos votaram pela manhã neste domingo. Assim como nas eleições primárias, Fernández, favorito nas pesquisas para vencer no primeiro turno, primeiro saiu para passear com seu cachorro, Dylan, e depois, se dirigiu ao centro de votação perto de sua casa, em Puerto Madero, para votar.

Na saída, disse que "a situação econômica era muito preocupante e todos devemos nos preocupar". Afirmou ainda estar tranquilo e comentou, a pedido de jornalistas, como foi o encontro com o músico Gustavo Santaolalla, no sábado (26), vencedor do Oscar pelas trilhas sonoras de "Brokeback Mountain" (2005) e "Babel" (2006).

"Gustavo é um grande músico e um amigo", afirmou. Em vídeos que circularam nas redes sociais, Santaolalla e Fernández aparecem juntos tocando violão e cantando.
Ao final de suas declarações, Fernández disse que se lembra de Néstor Kirchner todos os dias, e que gostaria de ter falado com ele neste dia, afirmando que ajudaria a Argentina a se levantar novamente.

Já Macri votou em Palermo. Também seguindo a tradição, levou uma bandeja com medialunas, espécie de croissant argentino, para distribuir para os jornalistas.
Ao ser indagado como será seu dia nesta segunda (28), afirmou que estará cedo na Casa Rosada, trabalhando, "seja qual for o resultado".

Macri também afirmou estar "ansioso, como todos os argentinos", mas que era preciso esperar os resultados provisórios. "Se a brecha for muito apertada, além dos resultados provisórios, vamos ter de ter paciência para esperar a contagem final", afirmou.

A candidata a vice-presidente na chapa de Fernández, a ex-mandatária Cristina Kirchner, votou cedo em Río Gallegos, na Província de Santa Cruz, onde vive. Esquivou-se das perguntas dos jornalistas, mas com bom humor. "Vocês sabem que o jornalismo não é o meu forte", disse. Cristina iria também almoçar em família e voaria às 18h para Buenos Aires, para se juntar a Alberto Fernández no "bunker" de campanha do peronismo.

No início da manhã, o palco já estava sendo armado na avenida Corrientes, com as ruas ao redor cercadas. Enquanto Macri costuma dar seus discursos pós-eleitorais dentro do complexo cultural e comercial Costa Salguero, a festa kirchnerista ocorre na rua.

Segundo as sondagens de boca-de-urna dos partidos, o kirchnerismo também teria ganho o governo da cidade de Buenos Aires, que tem status de província, com o ex-ministro da economia Axel Kicillof. Já para a prefeitura de Buenos Aires, teria sido reeleito o macrista Jorge Larreta.

O órgão eleitoral confirmou que, nesta votação, sufragaram 81% dos eleitores, ou seja 6 pontos percentuais a mais do que nas primárias.
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