A jornada financeira das mães brasileiras tem sido marcada por múltiplas responsabilidades, baixa percepção de preparo para lidar com o dinheiro e alta dependência de trabalhos informais. É o que revela uma pesquisa nacional conduzida pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box, que aponta que 81% das mães solteiras já tiveram de recorrer a algum tipo de trabalho informal para complementar a renda.
Com os desafios do orçamento, grande parte das entrevistadas relatou a necessidade de complementar a renda com atividades informais. Entre mães solteiras, esse índice chega a 81%, sendo o trabalho com limpeza o mais comum (38%). Divorciadas (73%) e viúvas (62%) aparecem em seguida, com cargos de cuidadoras de idosos (29% e 25%, respectivamente). Já as mães casadas (67%), a revenda de produtos lidera como principal fonte de renda extra (39%).
De acordo com o estudo, há um protagonismo feminino na administração financeira das famílias: 96% das viúvas, 86% das mães solteiras, 83% das divorciadas e 80% das casadas ou em união estável afirmaram ser as principais responsáveis pelo orçamento doméstico.
“Em qualquer tipo de situação conjugal, as mães têm acumulado o peso das decisões financeiras e emocionais da família. Muitas vezes, sem preparo e com pouca rede de apoio”, afirma Patrícia Camillo, especialista em educação financeira da Serasa.
Além disso, o estudo revela que 8 em cada 10 mães buscaram aprender mais sobre finanças, enquanto muitas também recorreram a crédito no último ano. Os principais motivos incluem despesas inesperadas, pagamento de dívidas de cartão e ações para “limpar o nome”.
Apesar da centralidade nas decisões financeiras, apenas 3 em cada 10 mães relatam sentir-se preparadas para lidar com o dinheiro. A percepção de preparo varia pouco entre os grupos: 24% entre viúvas, 40% entre divorciadas e 30% tanto entre solteiras quanto entre casadas.
Dificuldade é conciliar os papeis
As mães também são desafiadas a conciliar as vidas profissional e familiar. A maioria relatou dificuldade em equilibrar trabalho e cuidados com a casa e os filhos com maior incidência entre as divorciadas (95%) e mães solteiras (92%).
Segundo Patrícia, “as mães brasileiras se desdobram para garantir o bem-estar dos filhos e manter a casa funcionando, muitas vezes, até renunciando a si mesmas”. “Falar sobre isso é essencial para reconhecer esse esforço e, principalmente, para promover o acesso à educação financeira, que pode trazer mais autonomia, segurança e tranquilidade para essas mulheres”, finaliza.
O estudo ouviu 999 mães de todas as regiões do país entre 14 e 24 de fevereiro, com o objetivo de mapear as condições econômicas das mulheres de diferentes configurações familiares, em um recorte especial para o Dia das Mães. A pesquisa tem margem de erro de 3,1 pontos percentuais.