Às vésperas do Dia do Trabalhador, celebrado nesta quinta-feira (1º), uma pesquisa da Serasa revela um cenário contraditório do mercado de trabalho no país. O levantamento aponta que apesar de 68% dos trabalhadores estarem insatisfeitos com salários e poucas chances de crescimento, grande parte dos entrevistados (63%) demonstra satisfação com a posição atual e mantém o otimismo em relação ao futuro profissional. Segundo a especialista em educação financeira da Serasa, Monica Seabra, uma das soluções para solucionar essa situação seria a revisão dos salários e a inclusão de práticas que valorizem os profissionais.
“Muitos estão há quatro ou cinco anos com o mesmo salário que não é competitivo. Porém, se essas pessoas se encorajam a buscar uma valorização fora do que já está acomodada, outras empresas até oferecem mais pelo trabalho delas. Além disso, uma remuneração variável, como bônus, comissão e participação nos lucros e benefícios adicionais como previdência privada e auxílio em educação também fazem a diferença”, destaca Monica. Ainda de acordo com ela, quando as pessoas sentem que estão investindo no desenvolvimento dela, isso aumenta a satisfação e a retenção dos talentos nas empresas.
Ainda de acordo com a pesquisa, 21% dos trabalhadores sentem falta de oportunidades de crescimento em suas carreiras. Entre as principais motivações dos trabalhadores estão a busca por uma recolocação no mercado e desejo de obter um salário melhor (32%) e conquistar mais qualidade de vida (27%). A pesquisa foi realizada pelo Instituto Opinion Box a pedido da Serasa.
Investimento em educação financeira
O estudo destaca também que 83% dos trabalhadores valorizam programas de educação financeira oferecidos pelas empresas. Para 86% dos entrevistados, participar de cursos sobre finanças no ambiente de trabalho é fundamental para um planejamento de futuro mais seguro, e 84% acreditam que a educação financeira ajuda a enfrentar imprevistos.
“A nossa pesquisa reforça que há um espaço significativo para as empresas investirem no desenvolvimento e na valorização dos colaboradores”, avalia Patricia Camillo, especialista em educação financeira da Serasa. “O empregador que estimular o crescimento e fortalecer o engajamento dos funcionários terá mais êxito na retenção de talentos.”
Patrícia também ressalta que oferecer apoio em educação financeira contribui para a produtividade: “Colaboradores mais tranquilos financeiramente tendem a ser mais engajados, produtivos e resilientes diante dos desafios.”
Preocupação com a economia do país
A preocupação do trabalhador é outro ponto apresentado pela pesquisa. A maioria das pessoas temem mais os rumos da economia (38,7%) do que a substituição por máquinas ou tecnologias (34,5%), apesar do crescimento da inteligência artificial no mercado.
Ainda de acordo com Monica Seabra, o atual cenário econômico gera mais preocupação ao trabalhador, principalmente para os que estão perto de se aposentar. “A pessoa está acostumada com o seu salário e a partir do momento que ela se aposenta, o salário reduz e isso deixa as pessoas preocupadas. A inflação vem aumentando gradativamente a cada ano e o salário não é reajustado. O último aumento no salário mínimo foi no ano passado, que foi para R$ 1.518 e ele não está equiparado à inflação”, aponta.
A pesquisa também revela que, mesmo diante dos desafios econômicos, 59% dos trabalhadores estão otimistas com o futuro profissional para os próximos cinco anos.
Porém, em relação à aposentadoria, apenas 32% acreditam que poderão se aposentar "com tranquilidade", enquanto 33% consideram difícil garantir estabilidade financeira na aposentadoria.