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Endividamento das famílias pernambucanas registra recuo tímido em junho

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Na análise por tipo de dívida, cartão de crédito foi apontado pela maioria das famílias

O número de famílias pernambucanas endividadas recuou mas segue em um patamar preocupante. No último mês de junho, 79,5% das famílias pernambucanas declararam possuir dívidas em aberto, apenas 0,5 ponto percentual a menos em relação a maio. Ao mesmo passo, o percentual de famílias com contas atrasadas encerrou o primeiro semestre de 2021 em alta, passando de 31,9% em maio para 33,2% em junho.

Segundo o economista Ademilson Saraiva, da Fecomércio-PE, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC/CNC) apesar de trazer esperança após a alta histórica registrada em maio (80,1%), ainda demonstra um cenário preocupante. “O patamar de famílias endividadas continua elevado. Foi constatado um recuo de 0,5 ponto percentual, um resultado inexpressivo diante do cenário atual. O que realmente preocupa é que tivemos um avanço no indicador da inadimplência, que vem aumentando paulatinamente nos últimos meses. Atualmente se encontra em 33,2%, associado a um cenário de inflação e desemprego”, explica.

O resultado de junho, em relação ao percentual de famílias com contas atrasadas, foi o terceiro aumento consecutivo no indicador, que já acumulou elevação de 4,4 pontos percentuais em relação a março e de 5,2 pontos em relação a janeiro. Além disso, a proporção de famílias com contas atrasadas em junho de 2021 é a mais alta em Pernambuco desde 2010, quando o indicador encerrou o ano em 38,2%. “A inadimplência é uma bola de neve, principalmente com o agravante da alta na Taxa Básica de Juros. Isso tem impacto direto nos juros do cartão de crédito e no crédito especial, dois grandes conhecidos dos endividados, complementa Saraiva.

Também aumentou a proporção de famílias que se dizem sem condições de pagar as dívidas em atraso, saindo de 13,1% para 14,3%. Entre março e junho, o indicador já avançou 2,7 pontos percentuais. De acordo com o economista, a ascensão de preços em produtos essenciais como alimentos, medicamentos, gás de cozinha e energia elétrica, tem pesado bastante sobre o orçamento das famílias pernambucanas, reduzindo não apenas o poder de compra, mas também a capacidade de pagamento de seus compromissos financeiros.

Com o dinheiro apertado, muitas famílias acabam recorrendo ao uso do cartão de crédito para realizar compras de itens básicos para o mês e esse meio de pagamento continua sendo o principal vetor de endividamento, alcançando 95,4% das família. Entre demais tipos de dívidas mencionadas, destacam-se o endividamento por carnê, segundo tipo mais citado (25,6%) e o cheque especial (13,5%).

O ritmo de recuperação do mercado de trabalho formal, que gerou 13 mil novos empregos entre janeiro e maio, não tem sido suficiente para amortecer o impacto das restrições para conter o avanço da Covid-19. A taxa de desemprego chegou a atingir 21,3% ao fim do primeiro trimestre, em Pernambuco. As flexibilizações anunciadas recentemente devem melhorar o cenário, mas não devem resolver o problema a curto prazo.

“Logicamente, o cenário pode ser revertido, só que não temos como projetar quando isso acontecerá. A retomada dos eventos sociais pode ajudar muito uma série de profissionais autônomos e informais que puxam outras atividades e serviços. Isso tudo pode incrementar muito a economia no segundo semestre. Quando isso acontecer, a primeira obrigação das famílias, para uma boa saúde financeira, vai ser quitar as dívidas em atraso”, aconselha Ademilson Saraiva.