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Pandemia abre portas para quem quer empreender

A instabilidade econômica provocada pela pandemia da Covid-19 fez com que muitos empreendedores precisassem se reinventar, mas também criou oportunidades para pessoas que buscavam criar o próprio negócio. A olindense Arsene Bezerra do Amaral, de 80 anos, foi uma delas. Passou a vida sonhando em empreender, mas só conseguiu realizar o antigo desejo durante o período de crise sanitária no Brasil. Isolada por fazer parte do grupo de risco da doença, pensou sobre o que poderia fazer para não ficar parada e decidiu vender saladas. Com a ajuda dos filhos e netos, comanda o Cozinha no Pote, que surgiu para atender às demandas de famílias que estavam mais tempo em casa e buscavam praticidade na hora das refeições.
No segundo quadrimestre de 2020, período considerado crítico na curva da Covid-19 no país, foram abertas 1.114.233 empresas, de acordo com o mais recente boletim Mapa de Empresas, do Ministério da Economia. A quantidade representa um aumento de 6% em relação ao primeiro quadrimestre e aumento de 2% quando comparado com o segundo quadrimestre de 2019. No mesmo período, foram fechadas 331.569 empresas, uma queda de 6,6% no quantitativo de empresas fechadas, comparando com o primeiro quadrimestre do ano e queda de 17,1% em relação ao mesmo período no ano anterior. Em Pernambuco, entre maio e agosto, foram registradas 31.155 empresas. No mesmo período, 9.232 negócios fecharam.
Um levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) também apontou o crescimento no número de microempreendedores individuais (MEIs) mesmo durante a pandemia. Entre os meses de março e abril, 3.032 novos cadastros foram formalizados em Pernambuco, chegando, na época, a 330 mil MEIs. Agora, até o dia 7 de outubro, são 363.508 microempreendedores individuais no estado.
O sonho de formalizar um negócio acompanhou Arsene durante toda a vida. “Passei muitos anos me dedicando a casa e aos filhos, mas sempre quis empreender. Na pandemia, trancada em casa, decidi tirar do papel esse sonho. A empresa está tomando forma graças aos meus filhos e netos, que têm me ajudado muito com as burocracias e com a divulgação. Começamos a vender as saladas em pote em abril, logo no começo do isolamento, porque vi uma oportunidade, sabendo que as famílias estavam em casa”, conta a empreendedora. “Amo cozinhar e trato todos os pedidos com muito carinho e amor. Após a pandemia, queremos ter um espaço físico e aumentar o cardápio”.
Lentidão para abrir uma empresa
Além de mostrar o número de empresas abertas no segundo quadrimestre do ano, o Mapa das Empresas revela ainda o tempo de abertura delas. Pernambuco é um dos estados onde mais se demora para registrar um negócio, ocupando a 25ª posição entre as unidades federativas brasileiras. O tempo para abertura de uma empresa no país foi, em média, de dois dias e 21 horas, o que representa redução de um dia (25,8%) em relação ao primeiro quadrimestre do ano.
Em Pernambuco, o tempo médio de abertura do negócio é de quatro dias, um aumento de mais 19 horas em relação aos primeiros meses do ano. A Bahia registrou o maior tempo de abertura de empresas no Brasil: sete dias e 18 horas, ainda assim há uma diminuição de dois dias e 14 horas (25,0%), comparando com o período anterior. Já Goiás é o estado com o menor tempo de abertura de empresas: um dia e uma hora, com queda de 11 horas (30,6%) em relação ao primeiro quadrimestre.
Entre as capitais brasileiras, o Recife também aparece no fim da fila, como uma das cidades com maior tempo para a abertura de um negócio. Florianópolis se destaca como a mais rápida, com cinco horas. Goiânia, com 20 horas, fica entre as primeiras colocadas do ranking, concluindo o processo em menos de um dia. Já a capital pernambucana ocupa a 25ª posição, com tempo médio de três dias e 19 horas, uma variação de mais um dia e duas horas em relação ao período de janeiro a abril deste ano. Salvador registrou o pior desempenho entre as capitais, com nove dias e 17 horas.