° / °
Cadernos Blogs Colunas Rádios Serviços Portais

Setor sucroenergético aposta em diálogo do governo brasileiro com Trump

Por

Representantes do setor sucroalcooleiro de Pernambuco têm apostado no governo brasileiro para intermediar negociações com o presidente norte-americano Donald Trump com relação às taxações de etanol e de açúcar. Trump pressiona para que o Brasil acate o aumento da cota de importação do etanol no país, e as lideranças querem que o governo Bolsonaro negocie para que as benesses ocorram para os dois lados.

Presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP) e da Federação Dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), Alexandre Andrade Lima disse que o setor terá, em breve, uma agenda com o presidente Jair Bolsonaro para tratar dessa negociação. Em carta endereçada a Bolsonaro, divulgada ontem, o setor pede que tarifas para açúcar e etanol entre Brasil e EUA sejam iguais e que as vantagens para o produtor estrangeiro não sejam renovadas caso Trump mantenha o tratamento desigual, “com altas taxas para a entrada do açúcar brasileiro no mercado estadunidense”. Segundo Andrade Lima, o Brasil exporta 1,7 mil toneladas por ano aos EUA, além de eventuais cotas extras.

A renovação das cotas de isenção ainda está sendo avaliada pelo governo brasileiro. Trump almeja a liberação total da taxação, não apenas dos 750 milhões de litros atuais. No entanto, a cadeia produtiva de etanol brasileiro é contra por causa da falta de reciprocidade.

Para o presidente do Grupo Oxford, empresa de consultoria brasileira nos Estados Unidos, Carlo Barbiei, é estratégico que se abra diálogos com o Planalto, como um intermediador, uma vez que commodities, geralmente, acabam dependendo de acordos entre governos. No entanto, defende que as lideranças oportunizem negociações diretas, inclusive com o opositor de Trump, Joe Biden.

“O Brasil só perde nessa negociação se não tiver uma solução dentro de casa porque ela independe e quem vai ser eleito (nos EUA), não tem um fundo partidário, tem interesse das partes econômicas envolvidas. A China, por exemplo, nunca se preocupou com a ideologia dos países com quem negocia. Tem que ser pragmático e quem defende melhor o setor é o próprio setor”, afirma.

Barbiei argumenta que embora o setor privado possa tomar a liderança do diálogo, precisará dos governos estadual e federal para outras frentes. “Não só para consolidar as exportações, mas para alavancar novas receitas, promover o aumento a da produtividade, irrigação, a chegada da tecnologia israelense que está sendo trazida para o Brasil e que vai aumentar a área de plantio. O estado de Pernambuco tem áreas disponíveis (para a cultura) e precisa desses processos tecnológicos”.

O setor sucroenergético brasileiro, hoje, é formado por 360 usinas e destilarias, 70 mil canavieiros e os seus 750 mil postos de trabalho diretos e 1,5 milhão indiretos no país, segundo a Feplana.