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Ex-secretário Salim Mattar concede entrevista ao Diario

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Foto: Valter Campanato / Agência Brasil
Ele falou, via instagram, com o comunicador Rhaldney Santos sobre os motivos da sua recente saída do governo.
Desde a última terça (11), o empresário Salim Mattar não exerce mais o cargo de Secretário Especial de Desestatização no Ministério da Economia. Durante entrevista concedida via instagram do Diario de Pernambuco ao comunicador Rhaldney Santos, o empresário falou sobre os motivos da recente saída do governo, creditada à sua inadequação ao ritmo mais lento do setor público em relação ao privado, onde atua.  Defendeu, ainda, o que chama de misto entre o modelo liberal da equipe econômica e conversador da agenda presidencial e respondeu se teria interesse em disputar a eleição presidencial de 2022.

Voltando a Belo Horizonte após sua atuação em Brasília, Salim definiu sua experiência no governo como impagável. Afirma que sempre foi crítico do governo “grande”, mas que descobriu ser ele ainda maior do que pensava. Acredita, portanto, que é preciso racionalizar o seu tamanho. “No Reino Unido, 9,5% do PIB diz respeito ao funcionalismo. Nos EUA, 10%. No Brasil, 13,5%. São, proporcionalmente, R$ 328 bilhões a mais por ano, gastos com a máquina, que em dois anos poderia permitir a construção de a mais de seis milhões de residências a serem doadas aos mais necessitados”, afirma.

Apesar da decisão de abandonar o cargo, Salim classificou o presidente Jair Bolsonaro como um gênio político e um privatista. “Pela sua vontade, muitas estatais seriam vendidas, mas ele é muito elegante, cuidadoso e deixa que cada ministro setorial tome atitude de privatizar o que é do seu ministério”, afirma. Classificando o congresso como responsável e sensato, Salim afirmou que decisão de demitir-se não é recente, tendo sido amadurecida ao longo de quatro meses. “Aconteceu nesta semana porque fui a Brasília e achei elegante comunicar pessoalmente ao ministro Guedes”, explica. 

Durante os meses de governo, Salim acredita que pavimentou um caminho para a desestatização. “Não na velocidade que eu gostaria. Sou um animal da iniciativa privada. Quando caí na Esplanada, encontrei outo ritmo ao qual não consegui e nem quero me adaptar. É da natureza do estado, entretanto, ser burocrático e não só no Brasil. Afinal, a burocracia foi criada para que o estado pudesse resguardar a coisa pulica que pertence ao cidadão. E este emaranhando legal faz com que sejam difíceis as privatizações. Só o BNDES, por exemplo, pode vender empresas e acredito que não existe monopólio eficiente. Acredito, entretanto, que deixei um legado que facilitará as coisas daqui para a frente”, opina. 

O empresário relata que, antes de assumir o governo, foi informado de que existiam 134 estatais brasileiras e que soube, depois, que este número chegava a 698 contando-se as internacionais. Por isso, defende um estado forte, porém pequeno e enxuto. “A carga tributária brasileira corresponde a 33% do PIB, mais o déficit de 7,2%, o que chega a 41%. É o mesmo valor da Áustria e quase o da França (42%). É uma das maiores do mundo. No IDH, entretanto, o Brasil ocupa a trigésima posição”, compara.  

O ex-secretário ainda reafirmou seu apoio ao governo e descartou a possibilidade de candidatar-se às eleições presidenciais de 2022. “Apoio incondicionalmente o ministro Paulo Guedes na pauta econômica e a agenda conservadora do presidente Bolsonaro. Pela primeira vez na história somos liberais na economia e conservadores nos costumes. Quanto à candidatura, não faço o estilo do animal político-partidário. Isto requer outras qualidades que eu talvez não tenha e não é onde pretendo chegar”, afirmou. Ao final da entrevista, Salim analisou o STF, afirmando que apesar de vivermos uma democracia “espetacular” e uma das melhores do mundo e que funciona devido ao tripé dos três poderes, a constituição federal fez com que o judiciário tivesse um empoderamento muito grande. “Nossa corte é boa, com bons profissionais, mas alguns se excedem e isso é normal. O absurdo é a sociedade aceitar um ministro cerceie nossa liberdade de expressão, por exemplo. Isto é, efetivamente, colocar em risco nossa democracia”, finaliza.