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Salve-se quem puder

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Há mais de 40 dias chegaram às praias do Nordeste as primeiras manchas de óleo. Surgiram sem aviso e pegaram todos de surpresa. A primeira pergunta foi: de onde surgiu isso? Faz todo sentido tentar entender. Sabendo de onde veio seria possível entender o tamanho do problema e, claro, cobrar a conta da limpeza. 

O problema parecia ser localizado. Não era. As manchas se espalharam pelas praias de todos os estados do Nordeste. Mais surpresas (aparentemente é fácil nos surpreender). Mais esforços para apontar a origem. Não é da Petrobrás. Não é local. Seria um navio? Parece que não. Parece ser da Venezuela, que nega, é claro. De fato, ainda não se sabe. 
Descobrir a origem, o “dono” da causa do problema, e a razão, ainda continua sendo importante. Principalmente, é importante saber se o problema original foi resolvido. Caso contrário, mais petróleo chegará por aqui. Mas, talvez, o essencial agora seja, literalmente, limpar a sujeira. 

Como leigo no assunto, não tenho a menor ideia do que deve ser feito. Posso até ir trabalhar de voluntário, como muitos estão fazendo. Mas, se for, preciso que alguém me diga o que deve ser feito. Caso contrário eu posso acabar atrapalhando. Mas, acho que alguém deveria saber o que deve ser feito. Se sabem, não está claro. 

Quase dois meses depois do início do problema, os gestores públicos não conseguem dar um encaminhamento claro para minimizar os impactos nas praias e nas economias locais. No início do período mais importante para o turismo do Nordeste, reconhecidamente de sol e mar, as praias estão invadidas pelo óleo. São todas? Ficam impróprias ao banho? Quais os riscos para banhistas? Ninguém aparece para informar. 

Enquanto isso, entidades de direitos dos consumidores batem cabeça. Os emissores de turistas orientam o cancelamento das viagens sem custos para os turistas. Os do Nordeste defendem que as empresas da região não devem ser penalizadas por algo fora do seu controle. Faz sentido. O resumo é que a economia local deve sofrer. 

Na essência, o principal problema parece ser o de sempre no Brasil: não temos planejamento atuar em situações como essas. Supostamente, temos um Plano Nacional de Contingenciamento que deveria ser acionado. Há protocolos a serem seguidos. Passos que ajudariam a resolver o problema. Onde ele está?

Ao contrário, o que vemos são ações descoordenadas feitas por gestores locais, principalmente as prefeituras, e estados. Voluntários tentam ajudar, mas sem uma coordenação as coisas não funcionam. O Governo Federal parece não ter se “interessado” pelo problema. Até quando?

Os danos mais imediatos são relacionados às mortes de animais, às perdas econômicas na atividade turística, queda na renda da população que vive da pesca e contaminação de corais. Os danos ao meio ambiente não serão rapidamente revertidos. Talvez esse seja um problema para ser tratado amanhã. Hoje precisamos de uma ação coordenada e, infelizmente, de recursos para executar um plano de limpeza e contenção. Quem poderia liderar isso? Aparentemente, ninguém.