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Grandes corporações voltam atenção para presença das mulheres em cargos de liderança

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Tânia Cosentino afirma que ambiente inclusivo gera mais engajamento e uma maior produtividade. Foto: Beto Oliveira/Divulgação
As mulheres estudam mais, entram na mesma proporção que os homens no mercado de trabalho, mas chegam em menor quantidade aos cargos de liderança, um percentual de 6%. O desafio da desigualdade ainda é uma realidade, inclusive no que diz respeito à folha de pagamento. Segundo o relatório "Mulheres no mundo do trabalho: desafios pendentes para uma equidade efetiva na América Latina e no Caribe", da Organização Internacional do Trabalho (OIT), elas recebem, em média, um salário 17% inferior ao deles com a mesma idade, nível educacional, presença de crianças em casa e tipo de trabalho. Porém, as grandes corporações já voltam os olhares para essas diferenças, com o intuito de diminuí-las, resultando em um ambiente mais igualitário e trazendo crescimento econômico também. O estudo da OIT indica que a participação das mulheres no ensino superior excedeu a dos homens e, levando em conta os nascidos em 1990, 40% das trabalhadoras são formadas, sobre 25% do público masculino. Apesar disso e delas avançarem de forma equilibrada nas oportunidades em uma corporação, a curva se inverte quando se trata de cargos de liderança. "Nos últimos dois anos, andou para trás no Brasil e no mundo. A mulher estuda mais, entra na mesma proporção no mercado de trabalho, mas cai quando chega a cargos de liderança. E quando atingimos 6%, os homens ainda dizem que vamos dominar o mundo", disse Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, em palestra no Rec'n'Play nesta sexta-feira. Para Margareth Goldenberg, gestora do Movimento Mulheres 360, é importante mapear a diversidade na empresa, mas isso não resolve o problema por completo. "Precisa fazer também o levantamento de onde as mulheres estão, de quais cargos ocupam, entender a representatividade e onde estão os gaps. Diversidade é convidar para o baile e inclusão é chamar para dançar. Precisa implementar a cultura inclusiva para promover a equidade de oportunidades", afirmou. Tânia Cosentino reforça que a presença das mulheres traz mais dinheiro para as empresas, além de que ambientes diversificados e inclusivos geram funcionários mais engajados e uma maior produtividade e negócios. Mas o caminho ainda é difícil de ser percorrido. "A transformação da empresa tem que estar na agenda do CEO. Além disso, quando faz a demografia da empresa, tem que comparar os salários para cada área. Até porque nas avaliações de desempenho, a auto avaliação da mulher é mais crítica, ela se subavalia, enquanto os homens mostram o que fizeram, o chefe acaba acreditando e concedendo mais aumento para eles. Não adianta oferecer salário equivalente na entrada, tem que avaliar no processo ou acaba gerando uma disparidade", ressalta. Ela ainda reforça a importância de estabelecer políticas de atração de mulheres nos processos seletivos, de retenção de talentos e ainda de criar um ambiente saudável. "O código de conduta da empresa tem que ter tolerância zero, tem que ter segurança de trabalho, não dá para negociar com assédio. No ambiente, não tem que ter piadinhas e comportamentos tóxicos. Um ambiente seguro gera uma produtividade maior. Tem que dar conscientização e ter o ambiente como aliado do gestor, tudo isso combinado flui", conclui.