Economia

O investimento em capital paraolímpico

Por Paulo Aguiar do Monte (*)

Paulo Aguiar do Monte é professor de Economia da UFPB. Foto: Arquivo Pessoal

 

Economicamente falando, os jogos Paralímpicos pode ser considerado um investimento em capital social. O sociólogo James Coleman define o capital social como sendo “os elementos de uma estrutura social que cumprem a função de servir como recursos para que atores individuais atinjam suas metas e satisfaçam seus interesses”. Nesse contexto, pode-se assumir que todo o investimento feito para as Paralimpíadas do Rio, aqui chamado de “capital paralímpico”, tenha como retorno esperado a disseminação do conceito de inclusão, permitindo a todos os indivíduos a chance de serem socialmente e economicamente produtivos.

 

De acordo com o Censo Demográfico de 2010, cerca de 45 milhões de pessoas (23,8% da população total) se autodefine como portador de algum tipo de deficiência. Para a Organização Mundial de Saúde, o número de brasileiros com deficiência chega a 20 milhões; o que por si só já é superior ao número de habitantes em países como Holanda e Hungria (ambos situados a frente do Brasil no quadro geral de medalhas das Olimpíadas do Rio 2016).

 

Apesar do principal retorno esperado do investimento em capital paralímpico ser o da inclusão, superior inclusive ao número de medalhas, cabe destacar que o investimento do Brasil, nesse evento, é um dos maiores em termos comparativos com outros países. E, que, diferentemente da posição alcançada nas Olimpíadas, nos jogos Paralimpícos o Brasil se situa entre os 10 primeiros no quadro geral de medalhas. Na última edição dos jogos, em Londres 2012, o país ficou em 7º lugar, com 43 medalhas no total (21 de ouro, 14 de prata e 8 de bronze).

 

Dentre as argumentos do sucesso nas Paralimpíadas estão desde o investimento feito pela Confederação Brasileira até a oferta de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, o que amplia as chances de descoberta de novos talentos para o esporte. Some-se, ainda, a falta de oportunidades que muitas destas pessoas enfrentam para conseguir um emprego no mercado de trabalho.

 

O Brasil, infelizmente, ainda não foi capaz de absorver com tratamento igual as pessoas com algum tipo de deficiência apesar de, a cada ciclo paraolímpico, os atletas brasileiros demonstrarem que seus limites não os impedem de figurarem entre os melhores do mundo. Espera-se, então, que os jogos paraolímpicos sirvam, de uma vez por todas, para incluí-las no grupo de pessoas com direitos iguais as outras. Será, sem dúvida, a maior vitória alcançada pelo Brasil.

 

(*) Professor de Economia da UFPB (Universidade Federal da Paraíba).

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