Ter um cartão de crédito internacional está longe de interessar apenas a quem tem passaporte. Apenas metade das compras com o dinheiro de plástico em outros países realizadas por brasileiros ocorre em viagens. A outra metade reflete o uso desse meio de pagamento em sites do exterior, sobretudo na China, com o consumidor recebendo os produtos em casa. Em plena recessão, as despesas com cartões no exterior não param de subir desde fevereiro e fecharam o mês passado em US$ 395,2 milhões — os desembolsos com viagens também crescem, mas em ritmo menor. Isso preocupa o governo, por duas razões: são impostos que deixam de ser arrecadados e produtos que não são feitos no Brasil, num momento em que a criação de empregos importa mais do que nunca.
Por isso, a equipe econômica estuda reduzir ou até mesmo eliminar a isenção de tributos para compras no exterior de até US$ 50 por meio da internet. O assunto foi tratado na quinta-feira entre o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o titular do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira. Nenhum dos dois quis comentar o assunto.
Impacto
Barbato disse que não há preocupação quanto à isenção de operações até US$ 50 — acima disso, é possível fazer compras em sites, desde que se paguem taxas iguais às de qualquer tipo de importação. “Com um valor tão baixo, não é possível comprar quase nada”, explicou. “Creio que o objetivo do governo é arrecadar mais com tributos.” O economista Renato Fonseca, gerente de Pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), disse que faltam análises precisas do impacto do comércio pela internet. “É algo que, por princípio, quebra fronteiras e tem provocado grandes mudanças em muitas áreas, mas ainda não é conhecido com precisão”, considerou.
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