Construtoras apelam para promoções, brindes e descontos

O setor imobiliário na Região Metropolitana do Recife (RMR) já foi melhor. E, diferente de anos aquecidos em que “vendia-se tudo”, o cenário em tempos de economia em baixa mostra que o segmento se ajusta para continuar faturando, ainda que em mercado morno. As construtoras de imóveis residenciais vêm trabalhando com soluções estratégicas para minimizar o “estoque” de imóveis, fruto de sobras de lançamento ou distratos de compra e venda (retorno do imóvel à construtora por problemas do comprador). Esses imóveis variam de acordo com o empreendimento, mas ajudam na conta da oferta de apartamentos da RMR, que chegou a 6,9 mil unidades em média no ano passado, segundo o Índice de Velocidade de Vendas (IVV), aferido pela Federação das Indústrias de Pernambuco.

Para as construtoras, valem promoções, brindes, agrados e descontos nesses imóveis. Já para o comprador, o valor no bolso para a entrada pode ser determinante para a barganha na mesa de negociação. De acordo com o diretor regional de incorporação da Moura Dubeux em Pernambuco, Homero Moucinho, o que vai para estoque em residenciais varia entre 5% e 10% de todas as unidades de um edifício e, por serem negociados prontos ou próximos da entrega, estão mais valorizados que o preço oferecido no lançamento.

“É nessa margem de valorização que trabalhamos os ‘brindes’ para os compradores em potencial. O preço do lançamento de um imóvel é o mais baixo de todo o ciclo de vida dele, por isso é a etapa na qual é mais comercializado, inclusive pelas condições mais favoráveis de pagamento”, explica, citando que uma fatia boa do valor pode ser paga em parcelas durante toda a obra. “Se por algum motivo ele retorna à construtora, nos condiciona a trabalhar ‘promoções’, porque as condições não são tão favoráveis para o nosso comprador”, complementa.

Segundo Moucinho, todos os imóveis da construtora que aparecem com “promoção” estão na faixa entre seis e dez meses da entrega ou prontos. A Moura Dubeux possui, por exemplo, seis unidades no edifício Evolution, na torre Sea Park, vizinho ao Shopping Recife. “A média do valor do apartamento é de R$ 1,1 milhão, que foi entregue em 2013. Quem for comprar uma das unidades já recebe com escritura, que custa entre 5% e 8% do valor do imóvel, e com a cozinha completa planejada. Outra possibilidade é um desconto de 25% no valor total, nesse caso limitado a três unidades”, pontua. “Outro lançado há dois anos e previsto para ser entregue em agosto de 2018 é o Aurora Trend, de R$ 350 mil (média).

Dependendo das condições, vendemos com escritura, por exemplo. Não foi estoque, mas uma estratégia nossa por ser um imóvel estratégico no Recife”, acrescenta.Mariana Wanderley, diretora executiva da Pernambuco Construtora, reforça que o número que se forma em estoque é baixo. “Tem empreendimento que tem cinco unidades. Outro tem três, outro tem nove”, pontua. E complementa: “Estamos vendendo muito bem os prontos para morar, porque apesar de ser mais caro que o preço de lançamento, a gente consegue negociar mais porque o comprador sabe que vai receber em curto prazo. E se ele (comprador) tiver dinheiro, ocorre o mesmo para ele.

Como ele oferece uma quantia mais alta de entrada, o poder dele de barganha é mais forte.”Uma unidade da Pernambuco Construtora que se enquadra no perfil é do Janga Prince, recém-entregue. Quem for negociar a compra, já recebe com cozinha planejada e ainda é possível pleitear descontos que podem ultrapassar R$ 46 mil, dependendo da forma de pagamento. Os imóveis nesta unidade custam R$ 300 mil e as condições valem até 30 de junho. “Outra estratégia tem sido a internet, inclusive por meio de redes sociais. Nesse caso, é desconto mesmo. A gente sempre lança a oferta relâmpago de uma unidade específica, que vale por uma semana”, cita a gestora. Na lista, o Madalena Prince (3 quartos), entregue em janeiro deste ano, tem desconto de 15% e passa de R$ 499 mil para R$ 424 mil.