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Crise afeta mercado imobiliário no período do carnaval de Olinda

Apesar do secretário de Turismo afirmar que as casas disponíveis para aluguel estão longe do foco da folia, corretores de imóveis provam que a história é outra

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Casa localizada quase em frente à prefeitura de Olinda ainda continua desocupada. Foto: Karina Morais/Esp. DP
A tarefa não é das mais difíceis. Às vésperas do início do Carnaval ainda é possível encontrar casas para alugar no Sítio Histórico de Olinda. Chegar a um consenso sobre o que isto representa, por outro lado, é um pouco mais complicado. De acordo com o secretário de Turismo, Desenvolvimento Econômico e Tecnologia do município, Maurício Falcão, a expectativa é que a taxa de ocupação supere a do ano passado, que girou em torno de 94%. Entretanto, quem tem imóveis para alugar reclama de dificuldades para encontrar inquilinos mesmo com a queda de até 30% dos valores cobrados normalmente para o período.

É ponto pacífico que a proibição da instalação de casas-camarotes teve um impacto direto em uma parcela dos imóveis que costumava ser ocupado em anos anteriores. “O que posso dizer é que as casas que sobraram foram as localizadas em pontos não tão centrais ou as mais caras. Teve uma na Prudente de Moraes que o proprietário estava cobrando R$ 50 mil, por exemplo. Essa não foi alugada”, exemplificou Maurício Falcão. “Com a crise, realmente mudou esse perfil. Os empresários procuram imóveis mais baratos para se adaptar à nova realidade”, acrescentou. Tanto que muitas das casas que abrigaram grandes camarotes até 2014 nem chegaram a ser disponibilizadas para aluguel este ano.

Mas há quem discorde da análise do secretário. Gerente de uma pousada localizada a poucos metros dos Quatro Cantos, Sheila Lima descreveu um cenário mais duro. “No início, a procura foi até grande, mas a maioria desistia por conta dos preços. Com a aproximação do carnaval, os preços foram caindo, caindo. Hoje, o valor cobrado é em média 30% menor que no último ano”, contou. “E alguns estão até aceitando parcelar o pagamento, coisa que a gente nunca via nesse período”, acrescentou. Além disso, Sheila diz que, com a aproximação do início do carnaval, outra coisa começa a assombrar o mercado de aluguel de casas. “Aluguei uma casa praticamente em uma das esquinas dos Quatro Cantos onde seria montado um comércio, mas agora eles simplesmente não atendem os telefones. Desistiram e vão nos deixar com o prejuízo.”

O corretor Otávio Cardoso também vive a expectativa de fechar um negócio nos últimos dias antes do início da folia. Com casas para alugar na rua São Bento, ele discorda da tese apresentada pelo secretário de que a localização dos imóveis tem relação com a baixa procura. “Não tem isso. Estou com imóveis quase em frente à Prefeitura e ainda não encontrei quem as alugue. A verdade é que este ano está fraco mesmo. Quem alugou foi por valores muito mais baixos. Pra se ter uma ideia, quem alugou casas com capacidade para 20 pessoas ano passado recebeu entre R$ 10 mil e até R$ 15 mil. Esse ano tem gente alugando por R$ 7 mil.”

Estreante neste mercado imobiliário, o empresário Gean Pintan também reclama do movimento. Ele comprou uma casa no Varadouro ano passado, reformou o imóvel e agora vem fazendo o que pode para diminuir o prejuízo. “Reformei os dois andares e comecei pedindo R$ 11 mil. Depois de um mês ouvindo ‘não’, baixei para R$ 8 mil. Agora, já estou aceitando até se me oferecerem R$ 6 mil.”