CRÍTICA
'Thunderbolts*' é operante na ação e no elenco, mas não foge das armadilhas do MCU
Longa com Florence Pugh, Sebastian Stan, David Harbour e grande elenco tem qualidades dramáticas, mas o saldo é genéricoPublicado em: 01/05/2025 06:00
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Disney/Divulgação |
Faz seis anos que Vingadores: Ultimato foi lançado nos cinemas, mas ele segue projetando uma larga sombra em todos os filmes do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). Aquela grande conclusão, que reuniu todos os incontáveis personagens apresentados ao longo de duas dezenas de produções, representou o encerramento de um ciclo. Nem todos previam que esse fechamento aconteceria tanto dentro das telas quanto fora, já que, desde então, a saga produzida por Kevin Feige parece mais, a cada ano, uma sucessão de tentativas de manter acesa uma chama que já apagou há muito tempo. E Thunderbolts*, em cartaz no Recife a partir de hoje, é mais uma prova disso.
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Neste filme, uma equipe de desajustados precisa escapar da diretora da CIA, Valentina de Fontaine (vivida por Julia Louis-Dreyfus), que, na tentativa de eliminar provas de seus crimes, decide eliminá-los. São eles: Yelena (Florence Pugh), uma ex-espiã altamente treinada pela organização russa Sala Vermelha, Ava Starr, a “Fantasma” (Hannah John-Kamen), espiã com poder de desaparecer, John Walker (Wyatt Russell), um Capitão América substituto que deu errado, Bucky Barnes (Sebastian Stan), o ‘Soldado Invernal’, e, por fim, o Guardião Vermelho (David Harbour), pai postiço de Yelena, afastado dela desde a sua última missão juntos.
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A jornada, porém, vai ser totalmente alterada e unificada em torno de Bob (Lewis Pullman), um rapaz que concentra um misterioso poder que pode ser a chave dos planos de Valentina. Através da parceria imprevista, portanto, cada uma dessas figuras rejeitadas terá a oportunidade de redimir seus demônios interiores.
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Caso a premissa de Thunderbolts pareça derivativa, é porque ela é mesmo. O conceito de anti-heróis que revelam bons corações já não era disruptivo na época do primeiro Esquadrão Suicida (2016), quiçá quase uma década depois. Assim como naquele filme, inclusive, tenta-se unir aqui uma atmosfera mais dramática e soturna (com a paleta de cores sempre azul-acinzentada, a ponto de tornar todo o visual repetitivo e sem imaginação) às pausas cômicas calculadas de costume.
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Em tese, neste caso, a carga sombria se tornaria dominante, já que a grande ameaça se revela, em essência, a depressão. A presença de atores como Florence Pugh, Sebastian Stan e Lewis Pullman mantém a liga emocional do grupo na maior parte do tempo, mas essa tentativa de conciliar drama e leveza acaba sendo o calcanhar de Aquiles de Thunderbolts*, já que as piadas quase sempre soam falsas. Como já é de praxe no MCU, o humor não é parte indivisível da história, mas, sim, imposto a ela por força de contrato. E não há muito o que o diretor Jake Schreier (de Frank e o Robô e Cidades de Papel), nome sem qualquer assinatura ou poder de decisão, possa fazer para escapar disso.
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Mais até do que a imposição do humor, o que atrapalha muito este projeto é a insistência do estúdio em expandir o seu mundo, guardando informações e resoluções para projetos futuros. Há anos que o excesso de conexões vem limitando o potencial de aventura autônoma dos filmes da Marvel e Thunderbolts* até foge parcialmente dessa cilada ao minimizar suas referências e se concentrar na missão. Mas a necessidade de estabelecer uma nova equipe que remeta ao que um dia foram os Vingadores, em menor escala, faz dele um projeto de bom elenco e ação operante que termina impedido de andar com as próprias pernas em detrimento de um universo que, hoje, vagueia cheio de melancolia.
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