LITERATURA
Vida e obra de Ariano Suassuna são narradas em novo livro-coletânea
'Ariano Suassuna: No Teatro da Vida', de Anderson da Silva Almeida, detalha a dramaturgia dele, o Movimento Armorial e o legado de suas obras
Por: André Guerra
Publicado em: 07/02/2025 09:00 | Atualizado em: 07/02/2025 11:12
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Divulgação |
Motivado pela necessidade de se aprofundar na humanidade e complexidade de um dos maiores nomes da cultura brasileira, o pesquisador Anderson da Silva Almeida começou a preparar o livro Ariano Suassuna: No Teatro da Vida, que será lançado nesta sexta-feira (7), a partir das 17h, na Livraria da Praça, em Casa Forte, no Recife.
Abarcando desde a atuação do escritor paraibano no período da ditadura a influência do Movimento Armorial nas décadas após a sua criação, a obra chega ao público em um culminação de datas, já que este ano completou 10 anos do falecimento de Ariano, 60 anos do Golpe Militar de 1964 e, ainda, a continuação de um dos maiores ícones do imaginário do autor, O Auto da Compadecida 2, ainda em cartaz nos cinemas.
O projeto começou a ser escrito em 2022 e Anderson, pesquisador do período da ditadura, buscou compreender a influência de Ariano no Conselho Federal de Cultura para fazer, a partir de uma perspectiva histórica, uma coletânea de linguagem contemporânea que detalhasse a dramaturgia dele, o movimento Armorial e a força de suas obras, reunindo pesquisas de outros autores.
Anderson era marinheiro e morava no Rio de Janeiro quando teve seu primeiro contato com a obra de Ariano, através do grande sucesso de O Auto da Compadecida. Toda a comunidade de pessoas de todos os estados do Nordeste que lá moravam sentiram um imenso orgulho de ver essa representação tão intensa a nível nacional e isso despertou nele uma vontade de se aprofundar nas raízes da obra. E, no processo, a personalidade do autor se revelou o assunto mais interessante.
“Para construção do livro, foi um desafio historicizar tudo. No decorrer da pesquisa, não deu para colocá-lo de forma binária: da mesma forma que ele de fato trabalhou em um órgão do regime, ele também lutou contra a censura e abrigou perseguidos da ditadura. Abordar isso sem cair em um denuncismo foi um grande desafio e, ao mesmo tempo, nunca foi minha intenção construir a imagem de um santo através da pesquisa. Pelo contrário; a humanidade de Ariano é justamente o que o torna tão fascinante", conta, em entrevista ao Viver.
Anderson segue explicando a organização da publicação: "Na primeira parte do livro, o leitor encontrará um perfil mais biográfico e de atuação política, em diálogo com a chamada história social (o contexto) e questões que envolviam o universo da cultura e sua relação com o Estado. Na segunda, os textos dialogam mais com análises sobre influências na obra de Ariano e a construção de sua dramaturgia. Nesse sentido, há um caráter híbrido que tenta dialogar com leitores e leitoras para além do público universitário. Esse é o nosso grande desejo: sair da bolha acadêmica”, completa.